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A estiagem e o preço da soja


Amélio Dall’Agnol
Nesta safra de 2014/15, estamos sendo alimentados constantemente com informações negativas sobre o andamento da safra de soja por causa de condições climáticas adversas em importantes regiões produtoras do país, o que parece ser parcialmente verdadeiro. Não se comenta muito da provável queda na produção do milho, embora este seja mais afetado por uma estiagem de igual porte, provavelmente porque a soja é a vedete do agronegócio nacional. A previsão de colheita no Brasil está sendo informada, aparentemente, sempre menor do que as previsões do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que neste momento está estimando a safra brasileira de soja em 94,5 milhões de toneladas (mi t). Era de 95,5 mi t há algumas semanas. Empresas de análise de mercado do Brasil - IBGE e Conab no meio – têm feito estimativas menores, chegando em alguns casos a indicar uma safra inferior a 90 mi t.
A verdade que precisa ser entendida neste jogo de interesses, é quem leva vantagens se o mercado acreditar que a safra será menor e quem ganhará mais se o mercado entender que a produção será maior. Para os países produtores como o Brasil, importaria que o mercado absorvesse a informação de que haverá queda significativa na produção brasileira, afetando os estoques futuros do produto e promovendo, consequentemente, alta nos preços de mercado. Para os países compradores como a China, interessaria que o mercado acreditasse que haverá uma super safra, o que incrementaria a oferta e os estoques de passagem, deprimindo os preços, em razão de a oferta ser superior à demanda.
E o que há de verdadeiro nesta história?  É certo que tivemos estiagem na região tropical do Brasil em outubro, o que atrasou o plantio em algumas áreas do PR, MS e Centro Oeste. Em dezembro/janeiro houve outra estiagem, sobretudo em SP, MG, GO e BA, afetando a produtividade dessas regiões, mas não com índices alarmantes, com raras exceções. Quem semeou antes ou durante a estiagem, já colheu e colheu mal, com as exceções de sempre, porque alguns foram beneficiados por chuvas localizadas e colheram bem. “Piova de stá, beati quei que lá gá”, dizia a minha avó, no seu velho italiano, querendo dizer que “para as chuvas de verão, bem aventurados aqueles que tem a sorte de pega-las”, porque elas não beneficiam a todos por igual.
Nessa gangorra, o produtor não sabe em quem acreditar, se é que pode acreditar em alguém. O que se sabe é que realmente não teremos uma safra plena, como desejávamos, mas será uma boa safra, superando a safra anterior em milhões de toneladas.
 

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