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A dinâmica da Ciência


Decio Luiz Gazzoni
Terça feira proferi a palestra de abertura da Conferência de Ciência e Tecnologia. O tom da palestra foi mostrar como a dinâmica da tecnologia no século XXI não tem paralelo na História da Humanidade, e tende a se acentuar nas próximas décadas. Tecnologias que hoje são o estado da arte, em uma década serão peça de museu. E esta dinâmica impacta fortemente a vida de cada um dos cidadãos e a sociedade como um todo.

Investimento em Educação e C&T é a única forma de gerar desenvolvimento, progresso e qualidade de vida. O grande estadista Mahatma Ghandi, quando perguntado por que a Índia, um país muito pobre, investia tanto nestas áreas, respondeu “Justamente porque somos pobres”. A Índia continua sendo um país problemático, mas é referência em diversas áreas do conhecimento, como engenharia, tecnologia da informação e medicina.
No final da guerra entre as Coreias, a do Norte apresentava melhores índices econômicos e sociais que a do Sul. Hoje a Coréia do Norte é um país miserável, dos mais pobres do mundo, enquanto a do Sul alinha-se os países de mais alto IDH e maior renda per cápita, com marcas globais como LG, Nissan ou Samsung. O que fez a diferença? 40 anos de pesados e contínuos investimentos em Educação e C&T. O mesmo se passou com o Japão, destroçado após a II Guerra, com a China dos dias de hoje, com Cingapura ou Taiwan.
O agronegócio brasileiro é outro exemplo mundial. Nos últimos 35 anos nos transmutamos de país importador de alimentos para um protagonista do comércio agrícola internacional. Produzimos alimentos que abastecem uma população equivalente a três brasis. E tudo isto com um aumento de apenas 30% na área cultivada. O segredo? Um aumento superior a 250% na produtividade agrícola, fruto de um desenvolvimento tecnológico ímpar, que nos tornou líderes em tecnologia de agricultura tropical.

Porém, se seguirmos o que diz nosso hino “...Deitado eternamente em berço esplêndido...”, podemos acordar no meio de um pesadelo de baixo desenvolvimento, ultrapassado por concorrentes que desenvolveram tecnologias que os tornaram mais competitivas. Não há outra saída, mesmo para os líderes, que continuar investindo forte e continuamente em Educação, Ciência e Tecnologia.
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja. www.gazzoni.eng.br

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