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A crise da Soja


Amélio Dall’Agnol

Participei, recentemente, do Rally da Safra, um giro por mais de 5.000 km pela região central do Brasil, nossa principal área produtora de soja. O que vi e ouvi não é bom e sinaliza para uma crise sem precedentes desde que a soja se estabeleceu no correr dos anos 70, como a mais importante cultura do agronegócio brasileiro. O custo de produção cresceu perigosamente, como conseqüência do incremento no preço dos insumos - particularmente fertilizante, fungicidas e diesel - enquanto o ganho do produtor, quando existente, foi reduzido a valores irrisórios pelo câmbio defasado, já que o valor de uma saca de soja, em dólares, está até bom, considerando os altos estoques existentes, originados pelas duas últimas supersafras americanas.
Com raras exceções, o clima foi favorável para uma boa colheita, mas, em contra partida, favoreceu uma maior incidência da ferrugem asiática, doença que evoluiu, em muitas regiões do centro oeste brasileiro, para a condição de epidemia. O intenso ataque dessa doença, exigindo tratamento ainda na fase vegetativa, estava restrito à região de Primavera do Leste, no Sudeste do Mato Grosso. Nesta safra, essa necessidade se alastrou para outras regiões e ameaça toda a área produtora de soja do País. Isso inviabilizaria o nosso principal cultivo, pelo alto custo representado por quatro a cinco pulverizações médias por safra, a menos que haja uma forte reação positiva do mercado, o que não é esperado em curto prazo. O produtor já se pergunta: não seria racional tratar a ferrugem da soja como fazemos com a aftosa bovina, exigindo medidas oficiais de controle de igual calibre?
A solução mais racional para sanar o problema está no desenvolvimento de variedades resistentes à doença, o que não acontecerá em curto prazo. Embora a Embrapa, junto com seus parceiros, já tenha alguma promessa de materiais genéticos resistentes/tolerantes, eles não serão variedades comerciais antes de cinco ou 10 anos. Enquanto isso não acontece, a solução passa pelo controle químico, cada vez mais necessário e caro. Outra tentativa que poderia minimizar o problema, mas sem garantias de sucesso, seria a restrição/proibição do cultivo na entre safra, retirando a ponte verde que carrega a semente do fungo de uma safra para a outra.
Diz, a sabedoria popular, que conselho só se dá a quem pede. Ninguém pediu, mas eu vou dar: produtor, você é eficiente na utilização das tecnologias de produção, mas falha no uso das tecnologias de gestão, principalmente na comercialização. No período de 5 a 8 de junho realizaremos, em Londrina, a IV edição do Congresso Brasileiro de Soja. Compareça, ouça os 27 conferencistas convidados, converse com eles, com o Banco do Brasil e com representantes de empresas fornecedoras de insumos (Milênia, Bunge, Bayer, Dow, Syngenta...), sobre como garantir bons preços para a soja que você ainda não plantou. 

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