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A coinoculação em soja


Amélio Dall’Agnol
A prática de inocular as sementes de soja com bactérias nitrificadoras (Bradyrizobium) capazes de aproveitar o nitrogênio (N) da atmosfera, dispensando o N mineral na adubação, já é bastante aceita e praticada no Brasil, por causa dos benefícios representados pela redução de custos. O N mineral é caro e se é possível substitui-lo pelo inoculante que custa uma fração do custo do fertilizante nitrogenado, para que gastar mais?
Assim mesmo, ainda há os que acreditam que um pouquinho de N mineral na semeadura ajuda no repique das plantas na fase inicial do desenvolvimento, o que é verdade. Inclusive, é verdade que nessa fase do desenvolvimento, o verde das folhas das plantas adubadas com N mineral ficam mais escuras, em contraste com as plântulas apenas inoculadas. Mas e daí; qual a vantagem?! Isto não se traduz em mais rendimento, porque as bactérias nitrificadoras estabelecidas nas raízes das plantas inoculadas recuperam essas aparentes desvantagens, quando elas começarem a atuar, o que ocorre cerca de 15 dias após a emergência. 
Também, alguns produtores argumentam que só inocular não é suficiente para se alcançar altas produtividades, o que é desmentido pela pesquisa. Produtividades de 4, 5 e até 6 toneladas de soja/ha, apenas com o uso do inoculante, são rotina nos experimentos. 
Uma outra meia verdade sobre a inoculação, é a crença de que uma vez inoculado, o solo preserva as bactérias do inoculante e as disponibiliza às plantas de soja a cada novo ciclo, dispensando a inoculação todo o ano. Sim, é verdade. Mas para que isto aconteça, o solo precisa estar em excelentes condições físicas e químicas para mantê-las vivas, assim como o inoculante precisa estar em perfeitas condições de viabilidade e o agricultor precisa ter certeza que o manejou corretamente. 
É difícil o produtor estar certo disso: o inoculante pode ter-se deteriorado no caminhão de transporte, no armazém da revenda ou do produtor, pode ter ficado exposto a altas temperaturas no campo, logo antes do plantio ou pode ter sido adquirido já com prazo de validade vencido. Por causa disso e do baixo custo da reinoculação, a pesquisa recomenda inocular todos os anos ou quase todos os anos, mesmo sabendo que a operação é trabalhosa. Resultados de pesquisas indicam um ganho médio de produtividade de 8% ao ano, com a reinoculação. 
Mais recentemente, a pesquisa tem identificado a possibilidade de adicionar outra bactéria (Azospirillum), além do Bradyrhizobium. Azozpirillum é capaz de incrementar o sistema radicular das plantas de soja (pode ser milho ou trigo) e dessa forma aumentar a produtividade média em cerca de 7%, segundo as pesquisas. Muitos produtores já experimentaram e não gostaram porque não viram sinais de maior rendimento. No entanto, é bom salientar que um aumento de 7% não é percebido a olho nu e que, eventualmente, o resultado pode ser 0% ou 10%, considerando que 7 é a média.

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