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Cientistas têm que ser ateus?


Decio Luiz Gazzoni
Há uma percepção na sociedade de que cientistas são ateus, no limite agnósticos. A mesma percepção diz que quanto mais idoso, quanto mais se aprofunda na Ciência, menos o cientista se volta para as coisas do Espírito.
Não é meu caso e de outros colegas que conheço. Quanto mais me debruço sobre os avanços da Ciência, mais enxergo um Cientista Mor, que arquitetou todo o Universo, desde as galáxias até as sequências de bases de um único gene. Nem bilhões de anos permitiriam arquitetar tanta perfeição, lógica, criatividade e diversidade, ao acaso. Exemplo: O arroz possui um número maior de genes (55.000) que o Homem (40.000).  Mas onde está a lógica de o arroz, uma plantinha que sequer sai do lugar, cujos cachos não resistem ao vento, ter mais genes que Beethoven, van Gogh ou Einstein?

            Se você tem fome, vai à geladeira ou à despensa. Planta com fome, tem que procurar seus nutrientes no ambiente de suas raízes. Quando a tempestade desaba, a planta deve suportá-la, embora fixa a um local. Sob ameaça, se não há mais nada a fazer, os animais podem fugir, plantas não. Se as plantas pensassem, certamente imaginariam os animais apenas como seres interessados em destruí-las. E as plantas precisam sobreviver, convivendo com os animais. Esta é a razão pela qual, eu imagino, levou o Cientista Mór a tornar o arranjo gênico vegetal tão sofisticado: garantir a sua sobrevivência, mesmo contra as adversidades.
            Uma planta, ao contrário dos animais, não tem como copiar hábitos e comportamentos. Concedida a vantagem inicial de dispor de maior diversidade gênica, podemos creditar à evolução, em especial à co-evolução, a transformação das plantas em sofisticadas usinas de produtos químicos especializados, que humilham as poderosas indústrias químicas do mundo. É o que lhes concede capacidade competitiva, resistindo às pragas, adaptando-se ao ambiente ou manipulando o comportamento dos animais.

            A inteligência superior neste processo está em adotar estratégias diferentes para animais superiores, animais inferiores e para vegetais – e isto não se deve ao acaso. Se esta introdução filosófica chamou sua atenção, leia mais sobre o tema em http://www.gazzoni.eng.br/pagina11.htm
 
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja. www.gazzon.eng.br

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