Esta semana estou na Alemanha. Motivo da viagem de estudos: a Embrapa participa do esforço científico mundial para responder a duas perguntas da sociedade: por que as abelhas estão desaparecendo? Como resolver o problema?
O desaparecimento cíclico das abelhas é um enigma que persiste há 200 anos. Continuaremos pesquisando até elucidar o fato. De posse da resposta, será fácil encaminhar as soluções. Até o momento, o que sabemos é que um conjunto de causas como perda de habitat, estresse de movimentação, distúrbios nutricionais, pragas e doenças das abelhas e produtos usados para o seu controle, assim como agrotóxicos usados indevidamente, são suspeitos de, atuando cumulativamente, serem responsáveis pelo desaparecimento das abelhas.
Soluções não são fáceis. Exemplo: as abelhas são atacadas por um ácaro devastador (Varroa). Mas, os acaricidas que controlam o ácaro, também são perniciosos para as abelhas. Até surgir um acaricida seguro para as abelhas, será necessário usá-los, ou o ácaro as extermina. A proibição de agrotóxicos não me parece uma boa ideia. Proibir inseticidas neonicotinoides, como na Europa, levou os agricultores a usarem agrotóxicos mais antigos, mais tóxicos para as abelhas e outros animais, incluindo o Homem. Se há uma política pública que pode auxiliar a resolver o problema, esta seria a de proteger o habitat nativo das abelhas.
O tema é complicado para cientistas e ainda mais para leigos. Recomendo desconfiar de novas informações, a menos que sejam de uma fonte lastreada em boa Ciência. Não confunda um blog adepto da teoria da conspiração ou contra o desenvolvimento tecnológico com dados científicos reais. Desconfie de um artigo científico isolado. Em Ciência só a repetitividade convence. A Ciência evolui: nosso conhecimento de abelhas mudou radicalmente em 10 anos. Muitas teorias foram descartadas conforme novas evidências surgiram. Mesmo tudo o que eu já escrevi pode mudar porque, para um cientista, a verdade é a última verdade comprovada. O desaparecimento das abelhas não foi elucidado, mas não vai ter um
grand finale ou um clímax, será complexo e cheio de personagens entrelaçados, e o fim, embora não tão espetacular, será muito mais gratificante.
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.
O desaparecimento cíclico das abelhas é um enigma que persiste há 200 anos. Continuaremos pesquisando até elucidar o fato. De posse da resposta, será fácil encaminhar as soluções. Até o momento, o que sabemos é que um conjunto de causas como perda de habitat, estresse de movimentação, distúrbios nutricionais, pragas e doenças das abelhas e produtos usados para o seu controle, assim como agrotóxicos usados indevidamente, são suspeitos de, atuando cumulativamente, serem responsáveis pelo desaparecimento das abelhas.
Soluções não são fáceis. Exemplo: as abelhas são atacadas por um ácaro devastador (Varroa). Mas, os acaricidas que controlam o ácaro, também são perniciosos para as abelhas. Até surgir um acaricida seguro para as abelhas, será necessário usá-los, ou o ácaro as extermina. A proibição de agrotóxicos não me parece uma boa ideia. Proibir inseticidas neonicotinoides, como na Europa, levou os agricultores a usarem agrotóxicos mais antigos, mais tóxicos para as abelhas e outros animais, incluindo o Homem. Se há uma política pública que pode auxiliar a resolver o problema, esta seria a de proteger o habitat nativo das abelhas.
O tema é complicado para cientistas e ainda mais para leigos. Recomendo desconfiar de novas informações, a menos que sejam de uma fonte lastreada em boa Ciência. Não confunda um blog adepto da teoria da conspiração ou contra o desenvolvimento tecnológico com dados científicos reais. Desconfie de um artigo científico isolado. Em Ciência só a repetitividade convence. A Ciência evolui: nosso conhecimento de abelhas mudou radicalmente em 10 anos. Muitas teorias foram descartadas conforme novas evidências surgiram. Mesmo tudo o que eu já escrevi pode mudar porque, para um cientista, a verdade é a última verdade comprovada. O desaparecimento das abelhas não foi elucidado, mas não vai ter um
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.
