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Cadê as abelhas que estavam aqui?


Decio Luiz Gazzoni
Há coisas na vida às quais só damos importância quando elas nos fazem falta. Abelhas - ou insetos polinizadores em geral - é uma delas. Os insetos polinizadores são responsáveis pela fertilização das flores da maioria das frutas e hortaliças por nós consumidas, além de prestar o mesmo serviço ambiental a inúmeras outras espécies vegetais. A FAO estima que a maior parcela do alimento consumido no mundo desapareceria se, por hipótese, os polinizadores deixassem de existir, repentinamente.

Surpresa? É natural, a maioria da população associa abelhas a mel, cera ou geleia real. Pouco nos lembramos que, na coleta de pólen ou néctar, voando de uma para outra flor, as abelhas e outros insetos nos prestam este inestimável serviço. As abelhas, como outras espécies, são sujeitas a fatores ambientais e a ciclos naturais, com maior população em alguns anos, menor em outros. Mas, desde 2006, um fenômeno tem intrigado cientistas e se transformado em um dos grandes mistérios do momento. De repente, colmeias ativas e populosas, desapareciem, sem causa aparente. Parece que as abelhas saem de casa para trabalhar e não mais voltam. Diversas causas têm sido aventadas, como doenças, pragas, estresses diversos, menor oferta de plantas melíferas, agrotóxicos, baixa qualidade nutricional, manejo inadequado, rainhas de menor qualidade, entre outros. O fenômeno passou a ser chamado de Desordem do Colapso das Colônias (DCC).
Mas, a Ciência até hoje não conseguiu explicar de forma satisfatória o DCC. Milhares de estudos estão sendo realizados para entender e explicar o desaparecimento das abelhas. Especificamente, no caso do impacto de agrotóxicos, estudos estão sendo conduzidos não apenas para comprovar se existe esta relação, mas para minimizar eventuais impactos.

Esta semana estou na Inglaterra, acompanhando estudos sobre o assunto. São estudos de laboratório e de campo, para entender o fenômeno e buscar soluções para o mesmo. O problema seja sério nos EUA e na Europa, e ainda não se manifestou no Brasil, mas nos interessa estudar o assunto e estar preparado para adotar as soluções para minimizar ou resolver o problema se, eventualmente, ele vier a se manifestar em nosso país.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo. www.gazzoni.eng.br

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