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Boas perspectivas para a soja brasileira


Amélio Dall’Agnol

Embora as estimativas que fazemos do futuro, tomando como referência as tendências dos cenários presentes, dificilmente se realizem com a precisão prospectada, suas indicações são sempre um bom instrumento para ser considerado por quem deseja aventurar-se numa nova iniciativa econômica.

Em realizando esse exercício de prospecção sobre o que acontecerá com a soja brasileira - nossa principal commodity agrícola - tomando como base a realidade atual, pareceria pertinente afirmar que:

- crescerá o consumo e consequentemente a demanda por soja no mundo, pois a população humana continuará crescendo;

- o poder aquisitivo dessa população continuará aumentando, destacadamente na Ásia, onde está o maior potencial de consumo da oleaginosa;

- o medo da doença da vaca louca incrementará o consumo de carne suína e de frango, cuja alimentação é feita, em boa parte, com ração à base de soja;

- a proibição, na Europa, do uso de farinha de carne nas rações para bovinos, aumentará a demanda por farelo de soja;

- usos industriais não tradicionais da soja, como biodiesel, tintas, vernizes, etc., aumentarão a demanda do produto;

- o consumo interno de soja deverá crescer, estimulado por políticas oficiais destinadas a aproveitar o enorme potencial produtivo do País, que está excessivamente dependente do mercado externo;

- o protecionismo e os subsídios à soja, patrocinados pelos países ricos, tenderão a diminuir por pressão dos mercados e da Organização Mundial do Comércio, aumentando, consequentemente, os preços internacionais, que estimularão a produção e as exportações brasileiras;

- a produção dos nossos principais concorrentes (Estados Unidos e Argentina) tenderá a estabilizar-se por falta de áreas disponíveis para expansão em seus territórios;

- a cadeia produtiva da soja brasileira deverá ser desonerada de tributos para incrementar a sua competitividade no mercado externo, de vez que o País precisa “exportar ou morrer”.

Pode-se estimar, também, pelas tendências do quadro atual da agricultura brasileira, que a produção da oleaginosa migrará cada vez mais para as grandes propriedades do Centro-Oeste, por falta de competitividade das pequenas e médias propriedades produtoras de soja do Sul, que migrarão, paulatinamente, para atividades agrícolas mais rentáveis - porque mais intensivas no uso de mão de obra - como produção de leite, criação de suínos e de aves, cultivo de frutas e de hortaliças, ecoturismo, etc.

Feitas estas considerações, parece racional acreditar positivamente no futuro da produção brasileira de soja, de vez que o Brasil é o único país capaz de prover o esperado aumento da demanda mundial, por possuir mais de 60 milhões de hectares de terras ainda virgens e aptas para a produção de grãos, apenas no ecossistema do Cerrado. A área cultivada com soja nos Estados Unidos, Argentina, China e Índia, que juntos com o Brasil produzem mais de 90% da soja mundial, só cresce se substituir outros cultivos – milho, sorgo e girassol, principalmente. Sua fronteira agrícola, diferente do Brasil, está esgotada.

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