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Bioetanol de sorgo sacarino


Decio Luiz Gazzoni
                O bioetanol produzido no Brasil provém da cana-de-açúcar. Tentativas foram efetuadas para utilizar outras matérias primas como mandioca e batata doce. O sorgo doce - sempre lembrado e pouco utilizado - tem alto potencial de rendimento, baixa demanda de insumos, alta eficiência do uso da água e relativa tolerância à seca. Seu processamento em muito se assemelha ao que ocorre com a cana, estando os açúcares fermentáveis presentes no caldo resultante do esmagamento. Uma forma de aproveitamento da potencialidade do sorgo é o plantio para colheita no primeiro trimestre de cada ano, no período de entressafra da cana, diluindo os custos fixos das lavouras e instalações industriais. Seus principais parâmetros agronômicos (produtividade de 80 t/ha de caules) e industriais (7.000 L / ha de bioetanol) são compatíveis com aqueles observados para a cana.

Apesar de diversas características desejáveis enquanto matéria prima para a produção de bioetanol, o sorgo nunca se firmou como protagonista desta indústria, mesmo nos EUA, onde as restrições climáticas limitam a área de cana, onde o milho (produtor de amido e não de açúcares diretamente fermentáveis) é a matéria prima principal.
O sorgo sacarino tem o potencial para expansão imediata, posto que tanto a tecnologia de cultivo quanto para o seu processamento industrial, estão disponíveis comercialmente. Os açúcares produzidos por sorgo sacarino são armazenados nos colmos, similarmente à cana de açúcar. A simplicidade da produção de etanol a partir do sorgo sacarino ou da cana é uma vantagem real, mas também está ligado a uma desvantagem na medida em que os açúcares fermentáveis contidos no caule não são facilmente armazenáveis, exigindo processamento imediato, ao contrário do material lignocelulósico, que possui uma janela mais ampla para colheita.

Do ponto de vista da tecnologia agronômica, existe um círculo vicioso, em que a baixa área de plantio, em escala mundial, e concentrada em poucos países, não estimula a geração de avanços tecnológicos que tragam à realidade o potencial da cultura, e sirvam como indutores de interesse por parte da cadeia de produção de agroenergia. Iniciar seu cultivo é uma forma de quebrar o círculo.
O autor é Engenheiro Agrônomo. www.gazzoni.eng.br

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