CI

Biocombustíveis e bioeletricidade


Decio Luiz Gazzoni
Há 10 anos teve início um movimento global para geração de energia limpa no mundo, com investimentos crescentes, que este ano ultrapassaram US$300 bilhões. Biocombustíveis e eletricidade são os principais portadores da nova energia e, no caso do Brasil, deveriam andar juntos, pois constituem uma sinergia perfeita. Apesar da importância de custos e competitividade, as políticas públicas são fundamentais para que determinada tecnologia ocupe maior espaço na matriz de energética.

        A falta de uma política pública de longo prazo que objetive garantir o suprimento de energia limpa que o Brasil demanda, tem gerado distorções importantes. Estamos sufocando o bioetanol com o congelamento do preço da gasolina. E a utilização crescente das termoelétricas movidas a energia fóssil (gás ou derivados de petróleos), que deveriam ser acionadas somente em caso de emergência, ocupa o espaço da bioeletricidade. Em junho de 2013, 20% do fornecimento de eletricidade proveio das termoeletricass back up, gerando custos adicionais superiores a R$2 bilhões/mês ao governo, comparativamente à hidroeletricidade. O acionamento das termoelétricas reflete a falta de investimento em eletricidade nova, que, acoplado ao envelhecimento das linhas de transmissão, deixa o Brasil em uma situação muito crítica em termos de assegurar a energia necessária para o seu desenvolvimento econômico.
Temos um potencial equivalente a duas Itaipus para cogeração de bioeletricidade em usinas de cana, que não são aproveitadas por falta de iniciativa e incentivo governamental. Por enquanto São Pedro está ajudando (até demais!), chovendo em períodos secos do ano. Mas, e quando vier uma seca forte? Se as back ups já estão em operação, como atender emergências? E se a economia brasileira sair da pasmaceira e crescer. como será produzida a demanda adicional de eletricidade? E se as linhas de transmissão sucateadas começarem a falhar? Sei que é complicado pedir que alguém vá as ruas lutar por planejamento energético e seu cumprimento, mas esta protelação ainda pode nos dar muita dor de cabeça!

 
O autor é Engenheiro Agrônomo. www.gazzoni.eng.br

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.