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Amendoim porreta


Decio Luiz Gazzoni

Corre a lenda que amendoim é afrodisíaco. Testado e não comprovado o seu efeito, o que ficou mesmo é o gosto pelo amendoim, que vai do xodó dos petiscos ao enriquecimento de diversos pratos. E os cientistas da Embrapa Algodão estão dando mais uma contribuição para incrementar o seu consumo no Brasil com o lançamento de uma nova cultivar de amendoim. Um dos aspectos interessantes desta cultivar, a BRS Havana, é a eliminação da inconveniência de tirar a película (casquinha) do amendoim para ingeri-lo, posto que ela é da mesma cor do grão.

Produtiva

Os estudos agronômicos já chegaram ao final, devendo a nova variedade estar disponível para o mercado a partir do próximo ano. Nas condições de sequeiro do Nordeste (e bota sequeiro nisso!) a nova variedade produziu 1.800 kg/ha. As vagens apresentam, em média, quatro grãos cada uma, todos de cor creme. Outra característica importante da Havana é sua tolerância às principais doenças do amendoim, que são as causadas por fungos do gênero Cercospora. Além disso ela é tolerante à seca, resistindo bem aos períodos de veranico. Para completar a coleção de boas características, trata-se de um material de ciclo curto, com intervalo de 90 dias entre o plantio e a colheita. Ou seja, o agricultor investe e logo está recebendo sua grana de volta, devidamente engordada pelos lucros da lavoura.

Nutritiva

Os pesquisadores adequaram os nutrientes do amendoim, com o teor de proteína atingindo 27%, enquanto o teor de óleo é inferior a 43%. Os tecnologistas de alimentos já estão de olho no produto, especialmente para utilizá-lo na formulação de produtos para a merenda escolar, pois na farinha desengordurada o teor de proteína pode chegar a 47%. Esse fator é sempre importante, independente do local de produção. Mas é no Nordeste brasileiro, onde escasseiam as oportunidades da agropecuária, com real chance de sucesso, que a nova variedade apresenta enorme potencial. Essa região é a segunda maior consumidora de amendoim do Brasil, dependendo de importações para atender a demanda. O trabalho da Embrapa permitirá estancar esse dreno de recursos do Nordeste para o Sudeste, ao mesmo tempo em que cria oportunidades de negócio e um “cash crop” na lavoura do semi-árido.

Mercado

A Embrapa já havia lançado, anteriormente, as variedades BR 1 e BRS 151, com características similares. A Havana, além das características agronômicas adequadas, possui o potencial de larga aceitação no mercado, pela coloração do tegumento (pele do amendoim). Além de resolver alguns problemas sérios do Nordeste brasileiro, essa variedade possui o potencial de permitir que o Brasil produza o amendoim que necessita para atender a demanda da agroindústria, sem recorrer a importações, com um produto de qualidade superior e de baixo risco no campo.

Maiores informações sobre a cultivar Havana podem ser obtidas com as pesquisadoras da Embrapa Algodão que a desenvolveram: Roseane Cavalcanti dos Santos ([email protected]), Rosa Mendes Freire ([email protected]) e Taís Suassuna ([email protected])

O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja. Homepage: www.gazzoni.pop.com.br

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