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Alternativas tecnológicas para a pecuária da Amazônia Ocidental. IX. Bioclimatologia animal


Newton de Lucena Costa

1. TEMPERATURA RETAL E FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA DE BOVINOS E BUBALINOS

As condições climáticas do trópico úmido, caracterizadas por temperaturas, umidade relativa do ar, radiação e precipitação elevadas, interferem consideravelmente nos parâmetros fisiológicos dos animais. Em Porto Velho, durante o período seco de 1997, avaliou-se os efeitos do clima sobre a temperatura retal (TR) e a frequência respiratória (FR) de bovinos e bubalinos, além da determinação do índice de tolerância ao calor (Índice de Benezra igual a TR/38,33 mais FR/23). Durante o período experimental, as médias para temperatura ambiente e umidade relativa do ar foram de 19,88 e 33,68 graus C e, 95,5 e 44,3%, respectivamente para os turnos da manhã e tarde. Observou-se diferenças significativas quanto ao horário em relação às espécies, sendo a TR (39,11 e 39,26 graus C) dos bovinos e bubalinos, pela tarde, superiores aos da manhã (38,10 e 38,05 graus C). A FR foi significativamente menor pela manhã, em relação à tarde, cujos resultados médios foram 36,0 58,9 mov/min para bovinos e 35,3 e 58,3 mov/min para bubalinos. O Índice de Benezra registrado para bovinos (3,58) e bubalinos (3,56) também não apresentaram diferenças significativas entre as espécies.

2. MANEJO DE BEZERROS DURANTE O PERÍODO SECO

Na Amazônia os níveis elevados de temperatura e umidade interferem negativamente no desenvolvimento da pecuária leiteira, resultando em expressiva mortalidade de bezerros no período de amamentação. Desta forma, realizou-se um experimento com o objetivo de avaliar diferentes manejos de bezerros durante o período seco. Foram utilizados bezerros com idade média de 30 dias, crias de vacas Girolandas de 3ª a 5ª lactação. Os manejos avaliados foram M-1: bezerros na pastagem à noite e durante o dia; M-2: bezerros à noite na pastagem e durante o dia no estábulo e, M-3: bezerros na pastagem durante o dia e à noite no estábulo. Os bezerros permaneciam apartados da mãe, tendo contacto com as mesmas durante a ordenha, onde destinava-se uma teta para amamentação do bezerro. O peso médio inicial dos bezerros foi de 55,5 kg. As médias de peso por tratamento, ao final do experimento (105 dias), foram: M-1: 78,75 kg; M-2: 74,06 kg e, M-3: 79,29 kg, não sendo detectado efeito significativo dos diferentes manejos. A produção média de leite/vaca/dia foi de 4,54 kg, com 3,73% de gordura. A produção de leite da manhã (2,86 kg) foi significativamente superior à da tarde (1,67 kg). A temperatura retal média foi de 39,61 graus C, com M-1: 39,65 graus C; M-2: 39,55 graus C e M-3: 39,64 graus C. O ritmo respiratório e os batimentos cardíacos médios foram de 52,86 mov/min e 86,88/min, respectivamente, não havendo efeito significativo para os diferentes manejos.

3. DESEMPENHO PRODUTIVO E ASPECTOS FISIOLÓGICOS DE VACAS LEITEIRAS MANTIDAS SOB SOMBREAMENTO

Em Rondônia, a produtividade do rebanho leiteiro atinge níveis críticos durante o período seco. Medidas de manejo como o sombreamento das pastagens têm sido utilizadas para amenizar os efeitos adeversos do ambiente. Deste modo, em Porto Velho, avaliou-se o efeito do sombreamento sobre o desempenho produtivo e fisiológico de vacas leiteira girolandas. Foram utilizadas 18 vacas distribuídas em dois tratamentos: T-1: vacas sem acesso ao sombreamento e T-2: vacas com acesso a piquetes com 60% de sombreamento constituído por castanha-do-Brasil. A produção de leite foi de 4,55 kg/vaca/dia, com um teor médio de gordura de 3,73%. Apesar de não haver diferenças significativas, as vacas com acesso ao sombreamento apresentaram maior produção de leite. A TR foi de 39,15 graus C e 39,05 graus C, respectivamente para T-1 e T-2. Os BC e o RR médios foram de 66,5/min e 44,24/min. Os animais que ficaram expostos ao sol apresentaram maiores valores para TR, BC e RR. Em função do horário do dia, a necessidade de sombra aumenta para um melhor desempenho das vacas leiteiras.

Ricardo Gomes de Araújo Pereira (Embrapa Rondônia); João Avelar Magalhães (Embrapa Meio Norte); Newton de Lucena Costa (Embrapa Amapá); Claudio Ramalho Townsend (Embrapa Rondônia).

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