Alternativas tecnológicas para a pecuária da Amazônia Ocidental. I. Formação de pastagens
A pecuária é uma das mais expressivas atividades econômicas de Rondônia, tendo-se expandido a uma taxa de 22% ao ano, na última década. O efetivo bovino estadual está estimado em mais de sete milhões de cabeças. As pastagens cultivadas representam a principal fonte de alimentação dos rebanhos. No entanto, a utilização de práticas de manejo inadequadas, principalmente nos solos de baixa fertilidade natural, tem contribuído decisivamente para a instabilidade técnica, econômica e ecológica do processo produtivo adotado. Atualmente, pelo menos 40% das pastagens cultivadas apresentam algum estágio de degradação. Isto reflete diretamente nos baixos índices de desempenho animal e na necessidade de novos desmatamentos ou a transformação de áreas cultivadas em pastagens. Este aumento de área tem como finalidade de alimentar satisfatoriamente os rebanhos, além de comportar o seu crescimento vegetativo. A Embrapa Rondônia tem por missão viabilizar soluções tecnológicas para o desenvolvimento sustentável do agronegócio de Rondônia por meio da geração, adaptação e transferência de conhecimentos e tecnologias, em benefício da sociedade. Nos últimos 30 anos foram adaptadas e/ou geradas tecnologias, visando suprir os fatores limitantes às atividades da agropecuária, além de fornecer subsídios para a otimização dos recursos naturais do estado.
1. AVALIAÇÃO AGRONÔMICA DE GERMOPLASMA FORRAGEIRO
A identificação de plantas forrageiras adaptadas às diversas condições edafoclimáticas do Estado é a alternativa mais viável para a melhoria da alimentação dos rebanhos, principalmente durante o período de estiagem, proporcionando incrementos significativos na produção de carne e leite, além de aumentar a capacidade de suporte das pastagens. Dentre as plantas forrageiras introduzidas e avaliadas, nos últimos vinte anos, as que se destacaram como as mais promissoras, por apresentarem altas produções de forragem, persistência, competitividade com as plantas invasoras, tolerância a pragas e doenças foram:
Gramíneas:
Andropogon gayanus cv. Planaltina, Brachiaria brizantha cvs. Marandu e Xaraés, B. humidicola, Cynodon nlenfuensis, Panicum maximum cvs. Tobiatã, Centenário, Tanzânia-1, Massai, Millenium, Sempre Verde, Vencedor, Makuêni, Paspalum guenoarum, P. coryphaeum, P. secans, P. atratum cv. Pojuca, Setaria sphacelata cvs. Nandi e Kazungula, Tripsacum australe, Axonopus scopariusLeguminosas:
Leucaena leucocephala, Centrosema acutifolium, C. brasilianum, C. macrocarpum, Desmodium ovalifolium, Stylosanthes guianensis, S. capitata, Cajanus cajan, Pueraria phaseoloides, Zornia latifolia, Acacia angustissima, Arachis pintoi2. AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE SORGO
O cultivo do sorgo forrageiro e/ou granífero, visando a produção de forragem ou grãos é uma alternativa que potencialmente pode solucionar os problemas de alimentação animal. As cultivares de sorgo forrageiro mais promissoras foram BR 601, BR 501, Contimel 02, Contisilo, AG 2002, Ag 2003, CMSXS 648, CMSXS 649, Pioneer 855-F e SG-808. Com relação ao sorgo granífero, as cultivares que se destacaram foram AG 1012, AG 1019, Jade, Contigrão 111, Contisilo 222, DK 304, Ranchero e NK 233, as quais apresentaram rendimentos de grãos superiores a 3.000 kg/ha.
3. PASTAGENS CONSORCIADAS
A utilização de gramíneas e leguminosas consorciadas é uma alternativa bastante viável para o melhoramento das pastagens, pois contribui para uma melhor cobertura do solo, aumento da produção de forragem e, principalmente, melhor valor nutritivo devido ao alto teor de proteína e maior digestibilidade das leguminosas. Esta prática, em função das espécies consorciadas poderá incrementar em até 80% os rendimentos de forragem. Em termos de produção de matéria seca, composição botânica e persistência, as consorciações mais promissoras para o estado foram:
- A. gayanus cv. Planaltina com D. ovalifolium, P. phaseoloides, C. macrocarpum, S. capitata e S. guianensis cv. Cook
- H. rufa com S. guianensis e Galactia striata
- B. humidicola com D. ovalifolium, P. phaseoloides, C. pubescens, C. acutifolium e C. brasilianum
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B. brizantha cv. Marandu com D. ovalifolium, P. phaseoloides, C. pubescens e C. brasilianum- P. maximum com C. pubescens, P. phaseoloides, D. intortum e M. atropurpureum cv. Siratro
- S. sphacelata com P. phaseoloides, D. intortum e S. guianensis
4. GRAMÍNEAS RESISTENTES ÀS CIGARRINHAS-DAS-PASTAGENS
As cigarrinhas-das-pastagens representam um dos principais problemas que afetam a produção e persistência das pastagens cultivadas. A diversificação das pastagens com a utilização de gramíneas resistentes à referida praga é a alternativa mais prática e econômica para a sua solução. Dentre as gramíneas forrageiras introduzidas e avaliadas na Amazônia Ocidental, as que se mostraram resistentes às cigarrinhas-das-pastagens (Deois incompleta, D. flavopicta) foram A. gayanus cv. Planaltina, B. brizantha cv. Marandu, P. maximum cv. Tobiatã, T. australe, A. scoparius, P. atratum cv. Pojuca, P. guenoarum FCAP-43 e P. secans FCAP-12.