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Algas


Decio Luiz Gazzoni
 
Devagarinho, sem bater à porta, como quem não quer nada, o futuro está chegando. São mais de 10.000 espécies de microalgas conhecidas e sabe-se lá quantas desconhecidas. Cada espécie se especializa para produzir lipídios, protídios ou glicídios, hoje obtidos de milho, trigo, arroz, soja ou feijão. As diferenças: a produtividade muito maior das algas; e a demanda muito baixa de área, de adubos e agrotóxicos.

O mês de julho de 2012 marcou o início da parceria entre a See Algae Technology (SAT), empresa austríaca de infraestrutura para produção industrial de algas, e o grupo sucroalcooleiro JB. O resultado: com investimento inicial de 8 milhões de euros, a SAT construirá uma planta de biodiesel na usina de Vitória de Santo Antão, no Recife. É o primeiro projeto global em escala industrial para a fabricação de biodiesel de algas. A expectativa da companhia, sediada em Viena, é iniciar as operações no Brasil já em 2013. A unidade terá capacidade de produção de 1,2 milhão de litros de biodiesel de algas por ano.
Ao invés de terra, as algas se desenvolvem em água. Elas precisam de luz para a fotossíntese; de nutrientes como fósforo e nitrogênio; e de CO2. Até recentemente, o biodiesel de algas era muito caro. Porém, os avanços tecnológicos reduziram o preço para a faixa de R$1,00/litro, de acordo com a SAT, comparado com cerca de R$2,00/litro com a tecnologia convencional.
O primeiro avanço foi produzir algas em ciclo fechado, substituindo os tanques abertos O segundo é a iluminação uniforme para toda a colônia de algas, também evitando a saturação de luz. Isto é feito com fibras óticas que distribuem a luz no seio da colônia. Finalmente a sinergia com as usinas de etanol, aproveitando o CO2 da fermentação e da queima de bagaço para adubar a colônia.

Depois de extrair o óleo para biodiesel, ainda sobra 50% de biomassa proteica, para alimentar o gado. Com o custo de produção mais baixo e uso integral das algas, o balanço de energia do cultivo é altamente positivo, o que significa sustentabilidade ambiental. Que, junto com a rentabilidade financeira, cria um ambiente propício ao aproveitamento industrial de algas. É o futuro chegando, devagarinho..., para ficar!
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja

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