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Agroenergia no Paraná


Decio Luiz Gazzoni
Esta semana o IAPAR realizou o Seminário “Agroenergia no Paraná: Situação Atual e Perspectivas”, um balanço da tecnologia e perspectivas de mercado, objetivando alinhar suas diretrizes e prioridades de pesquisa. A mim coube o tema “Perspectivas da agroenergia no cenário energético brasileiro”, cujos pontos principais compartilho.

        O primeiro fato a considerar é a quase impossibilidade de isolar o Paraná do Brasil e este do mundo. As grandes variáveis diretrizes são globais. O mercado de combustíveis fósseis é global. Em breve teremos um grid de eletricidade interligando todos os continentes: a eletricidade gerada no rio Tibagi poderia, em tese, ser consumida na Austrália. E o biodiesel de Rolândia abastecer veículos na Rússia.
        O segundo fato é que, até 2050, a demanda global de energia crescerá 80%. Isto não assusta a ninguém, é possível atende-la. A questão é a composição da matriz energética, quanto será a oferta de energia renovável ou de fóssil. A vocação brasileira (e paranaense) é de hidroeletricidade e agroenergia. Mas temos que considerar que energia eólica e fotovoltaica ocuparão espaços crescentes no futuro próximo, por conta de custos altamente competitivos de geração de eletricidade por estas fontes. É o efeito China que, ao investir nelas, confere escala e derruba o custo do investimento em todo o mundo.
        Os transportes terrestres (automóvel, caminhão, trem) serão, progressivamente, movidos a eletricidade, que será dominante na década de 2030. Portanto, a janela de produção de biocombustíveis deve se estreitar a partir de 2040. O que a manterá aberta serão os biocombustíveis aeronáuticos pois, até onde minha vista alcança, os aviões continuarão voando com combustíveis líquidos (fósseis ou renováveis).

        O que fará a diferença - mais ou menos energia renovável na matriz energética - será o dueto inovação tecnológica e políticas públicas. Os impactos ambientais negativos das fontes fósseis pressionarão os Governos a incentivar o uso de energia renovável, o que inclui impulso à geração de tecnologia apropriada. É exatamente nesta equação que se encaixa o IAPAR, como a instituição mór de geração de tecnologia agroenergética no Paraná.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.

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