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Agricultor familiar


Decio Luiz Gazzoni
Excetuando os EUA, a agropecuária dos países ricos se constitui de propriedades inferiores a 5 ha, é praticada em tempo parcial e os agricultores tem idade avançada. Mas conta com subsídios do Governo e máquinas adaptadas a micro propriedades. Nos EUA está em curso uma reforma agrária ao inverso: médios agricultores arrendam milhares de hectares de proprietários que não querem se desfazer da terra. Apesar dos pesados subsídios do governo, ouvi de um ex futuro agricultor: “...
nenhuma moça quer casar com jovens agricultores. A vida na fazenda é muito dura e pouco remuneradora. Elas preferem quem investe em carreiras urbanas”.
Por aqui, um telejornal apresentou reportagem sobre Frederico Westphalen, uma região de agricultura familiar, com dificuldades para manter os jovens no campo. O que mais me tocou foi a fala de um pequeno produtor: “-...E, no final do ano, tirava prá comprá o quê: um par de calças e um tênis e mais nada, não sobrava prá nada, né?”.
        O pequeno produtor tem chance de sobreviver se explorar produtos de alto valor intrínseco (suínos, aves, flores, frutas, hortaliças). Cultivar grãos é quase sinônimo de falência. É um mito afirmar que existe mão de obra disponível na propriedade familiar – ela é tão escassa e cara quanto em qualquer propriedade, e a severa legislação trabalhista elimina postos de trabalho no campo. Não há máquinas e implementos adequados para pequenas propriedades. E, se houvesse, o produtor não disporia de capital para adquiri-las.
Nos anos 60, a minifundização no Rio Grande do Sul promoveu uma diáspora, que levou hordas de gaúchos a desbravarem o Brasil e outros países. Com agudo senso empreendedor e negocial, muita capacidade de trabalho e resistência a frustrações, os gaúchos expulsos das propriedades familiares do Sul, transmutaram-se nos exemplos decantados do sucesso do agronegócio brasileiro, donos de patrimônios que montam a milhares de hectares e milhões de reais. Via-de-regra, os atuais grandes proprietários rurais do Centro Oeste brasileiro, nada mais são do que os pequenos proprietários familiares do século passado, que venceram por seus próprios méritos! Crescer ou desaparecer, seria a sina do pequeno agricultor?

 

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