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Aerocombustíveis


Decio Luiz Gazzoni
A busca por combustíveis mais sustentáveis chegou à aviação. A necessidade de reduzir os gases-estufa do setor aéreo, que correspondem a 2% das emissões globais, leva empresas de aviação, fabricantes de aviões e centros de pesquisas a uma corrida tecnológica para desenvolver biocombustíveis que possam substituir, ao menos em parte, o querosene de petróleo.

A Aliança Brasileira para Biocombustíveis de Aviação (Abraba) foi criada para desenvolver biocombustíveis aeronáuticos, envolvendo a Embraer, a Azul, a GE (turbinas) e a Amyris (biocombustíveis). A FAPESP e a Embrapa se encontram na linha de frente das pesquisas. A expectativa é de que, em cinco anos os primeiros biocombustíveis para aviação estejam prontos para produção em escala e, em uma década, você estará voando em aviões “flex”, movido a ...bioquerosene de soja! O problema não é tanto o fim do petróleo, mas produzir um biocombustível capaz de reduzir significativamente as emissões de gases-estufa, e que seja uma alternativa sustentável no longo prazo.
A indústria global do transporte aéreo contribui, atualmente, com 2% dos gases de efeito estufa. Se nada fosse feito, poderia chegar, no médio prazo, a 5%. Para evitar a escalada, as metas incluem melhorar em 1,5% a eficiência do uso de combustível até 2020, e reduzir em 50% as emissões da indústria até 2050, tendo como linha de base o ano de 2005.
A pesquisa utiliza cana-de-açúcar e óleos vegetais como matéria-prima para o bioquerosene. A TAM realizou, em novembro de 2011, o primeiro voo experimental com um A320, com capacidade para 174 passageiros, que decolou com 2 comandantes e outras 18 pessoas, entre técnicos e executivos da empresa. A aeronave saiu do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, e sobrevoou o Atlântico por 45 minutos, retornando à base, onde a turbina foi rigorosamente inspecionada, e aprovada com louvor.

A conjunção entre a pressão social por menor impacto ambiental, o desenvolvimento tecnológico e o compromisso empresarial, alavanca a produção de matéria prima para biocombustíveis aeronáuticos. Na próxima semana comentaremos como este segmento será protagonista do mercado de biocombustíveis no médio e longo prazo.
 
O autor é Engenheiro Agrônomo, pesquisador da Embrapa Soja.

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