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Abram alas porque o agronegócio quer passar


Amélio Dall’Agnol
Merecida a homenagem que a Escola de Samba Unidos de Vila Isabel, campeã do carnaval carioca de 2013, prestou ao produtor rural brasileiro, artífice do Brasil que deu certo. Infelizmente, boa parte dos homenageados não deve ter entendido a mensagem. Não importa, o mérito continua.

O Brasil é considerado um país em vias de desenvolvimento, mas o seu segmento agroindustrial pode ser classificado como desenvolvido, com direito a figurar como parte de um país de Primeiro Mundo.
Seu espetacular desenvolvimento começou na década de 1970, quando o Brasil ainda importava comida para alimentar o seu povo e a partir de então deslanchou, com aumentos mais expressivos no correr das duas últimas décadas.
Em 2012, o Brasil não apenas produziu todo o alimento necessário para suprir as necessidades da sua população, como foi alçado a 2º maior exportador e a caminho da liderança mundial, dado o enorme potencial ainda inexplorado de terras aptas e disponíveis para produzir mais alimentos e/ou energia renovável.
Apenas para exemplificar a mudança ocorrida nesse setor brasileiro, sua produção de grãos de 1991 era de 58 milhões de toneladas, produzidos em 38 milhões de hectares, com produtividade média de 1.526 kg/ha. Em 2013, a produção esperada é de 185 milhões de toneladas, produzidos em 52 milhões de hectares e produtividade média de 3.558 kg/ha. Crescimento de 214% na produção, contra 37% na área, resultado do aumento de 133% na produtividade.
O crescimento maior deu-se nas culturas da soja e do milho, grãos que fornecem a matéria prima da carne, cujo crescimento acompanhou a dos grãos, conforme pode ser comprovado pela produção da carne de frango, que foi de 500 mil toneladas na média dos anos 70 e de 13 milhões de toneladas, em 2012, alavancando o Brasil a líder mundial na exportação desse produto.
E não foram apenas os grãos e as carnes que cresceram em volume e em produtividade. Igualmente cresceram as pastagens, as fibras, a cana, o café, as essências florestais, as frutas e as hortaliças. E, também, os avanços não se limitaram à produção e à produtividade, paralelamente cresceu a qualidade desses produtos e a sustentabilidade dos seus sistemas produtivos. Em suma, um avanço generalizado.
É um resultado que desperta a atenção do mundo, cujas lideranças nos estão observando com interesse, porque o Brasil é um país tropical e as regiões tropicais do Planeta se caracterizam pela baixa produtividade dos seus campos e, como consequência, a falta de alimentos, a fome e a extrema pobreza. O Brasil era assim até os anos de 1970. Mas mudou bastante graças, principalmente, à determinação, garra e dinâmica de abnegados agricultores, que poucos países podem orgulhar-se de possuir.
Faz décadas que o agronegócio brasileiro responde pela quase totalidade dos sucessivos superávits da balança comercial. Na verdade, ele não apenas tem sido responsável pelos superávits comerciais do país, como tem bancado os déficits de outros segmentos da economia. Por esta razão, os superávits do Brasil quase sempre foram menores do que os superávits do agronegócio. Explico, tomando como exemplo os resultados das três últimas safras: em 2010, 2011 e 2012, o agronegócio exportou US$ 76.4, 95.0 e 95.8 bilhões, respectivamente, e importou US$ 13.4, 17.5 e 16.4, indicando superávits de US$ 63.1, 77.5 e 79.4 bilhões. Mas o superávit do país foi de apenas US$ 20.1, 29.8 e 19.4 bilhões, intuindo que US$ 43.0, 47.7 e 60.0 bilhões de superávit do agronegócio foram utilizados para pagar os saldos negativos de outros setores da economia nacional.
Mas nem todos vêem assim as conquistas do campo e fazem críticas injustas ao setor, responsabilizando-o pelas mazelas sociais e ambientais. Convenhamos, ao invés de vilipendiado pela crítica dos radicais político-ideológicos, o agricultor merece é os elogios que recebeu da Unidos de Vila Isabel, na Marquês de Sapucaí: “semear o grão e saciar a fome com a plantação, alimentar o mundo...”.
Fazendo analogia com as coisas do carnaval, é lícito afirmar que “o agronegócio é a Comissão de Frente da economia brasileira” (Kátia Abreu, Senadora da República).

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