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A produtividade do MST


Amélio Dall’Agnol
Meu pai era produtor rural e desde pequeno aprendi que produtividade nem sempre rima com lucratividade. Que é, por vezes, mais interessante produzir menos para ganhar mais, reduzindo o uso dos insumos de produção e optando, consequentemente, por uma produtividade menor.
O que importa mesmo ao produtor rural é o dinheiro que sobra no final da safra. De que serve ser campeão de produtividade, gastando os tufos com fertilizantes e pesticidas, se o resultado final é lucro negativo ou próximo disso?
E tem mais; não basta o agricultor querer altas produtividades utilizando grandes quantidades de insumos, pois quem mais influencia a produtividade é o regime de chuvas. O produtor poderá colher mais em ano de clima favorável usando poucos insumos, do que usando muitos insumos, em ano de clima desfavorável.
Alta produtividade não se consegue, infelizmente, apenas com a utilização de modernas técnicas de produção. Mais importante do que a tecnologia é o clima e clima não se controla, nem por decreto.
Não acredito que algum brasileiro tenha dúvidas sobre a disposição e a capacidade do nosso produtor rural de aumentar a produtividade da sua terra - quando isso for possível via utilização de mais tecnologia - se isto significar mais lucro. Prova disso foi o incremento no uso de fertilizantes observado em anos recentes, quando o mercado esteve favorável para o campo.
O agricultor brasileiro que sobreviveu às grandes mudanças acontecidas no campo no correr das últimas quatro décadas, é um vitorioso. Sobreviveu porque conhece as regras do jogo agrícola. Aprendeu como servir-se das modernas técnicas de produção e quando o clima não atrapalhou, produziu muito bem, obrigado.
Os que não souberam acompanhar essas mudanças, já não mais são produtores rurais; são cidadãos urbanos marginalizados. Habitam a periferia das nossas cidades e constituem mão de obra desqualificada e, portanto, mal paga. Muitos dos Sem Terra que hoje reivindicam terra para produzir, nada mais são do que ex-produtores que não souberam acompanhar os desenvolvimentos e faliram. Conseguirão isto agora?
Produzir bem, já não é mais suficiente para sobreviver no campo. Ademais de dominar as tecnologias de produção, o agricultor moderno precisa, também, dominar as tecnologias de gestão, pois hoje pode ser mais importante para se ter renda, saber como vender bem a produção e comprar bem os insumos, do que ter alta produtividade.
Como deveríamos interpretar a recente medida proposta pelo MDA sobre alta produtividade ou confisco da terra “improdutiva”? Será possível que todos os envolvidos nessa proposta de alteração dos índices de produtividade desconhecem o dilema que nosso produtor enfrenta a cada nova safra sobre lucro vs produtividade?
A propósito, qual é mesmo a produtividade média dos assentados do MST? A conferir, porque talvez deveriam estar ali os primeiros candidatos à desapropriação.

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