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A integralidade da Árvore do Século XXI


Opinião Livre
Gerald Moser
A Organização das Nações Unidas batizou há alguns anos o Neem de “Árvore do Século XXI”, graças a seus benefícios ambientais e medicinais milenares. Desde os primeiros registros do Neem na natureza, algo por volta de 3.000 a.C., na Índia, suas virtudes já faziam dela uma planta sagrada, cujos múltiplos usos e aplicações revelavam sua integralidade e eficiência no controle de pragas, melhoramento do solo, uso veterinário, medicinal, cosmético, de higiene humana, práticas de reflorestamento, entre outras situações.
Até hoje, já foram identificados aproximadamente 100 compostos diferentes do Neem, a maioria pertencente ao grupo dos limonoídes e dos tetranortriterpenóidos. O seu mais importante princípio ativo extraído, a Azadirachtina, é a matéria-prima natural e atóxica com maior potencial em mercados relevantes e em crescimento, como agropecuária, saúde e bem-estar humano e animal. Devido a sua complexidade, a Azadirachtina até hoje não foi sintetizada.
Por ser um elemento atóxico para seres humanos e animais de sangue quente, os produtos à base de Neem são utilizados em larga escala em alguns países. Na agricultura, suas sementes são moídas e diluídas em água na formulação de um composto que combate lagartas, gafanhotos, besouros, entre outros elementos danosos.
Outra formulação bastante conhecida na agricultura tem como base a mistura de sementes moídas, torta e folhas de Neem, eliminando insetos que permanecem no solo, agindo assim como fertilizante orgânico. Além disso, os compostos regulam a ação dos microorganismos e diminuem a perda de nutrientes. 
Já na pecuária e no uso veterinário, a torta de Neem serve como alimento complementar para o gado e para os equinos, apresentando cerca de 35% de proteínas e controlando infecções de intestino ao não permitir que moscas se desenvolvam no esterco. O óleo feito à base de Neem controla ainda a contaminação no couro e na pele dos animais por agir como repelente e cicatrizante. 
As pragas domésticas e de armazéns, entre elas baratas e formigas, também são controladas pelo Neem, que impede o ataque a grãos e demais alimentos de armazenagem. Neste caso, o uso do ‘repelente’ pode ser feito até mesmo de maneira tradicional, espalhando folhas e frutos secos em cima e debaixo dos grãos. O óleo e o pó das sementes podem, inclusive, ser misturados ao feijão, arroz e milho, sem prejudicar os alimentos. 
A propósito dos benefícios medicinais da planta, todas as partes do Neem contêm ingredientes ativos que podem ser usados na homeopatia, na medicina Ayurveda e na medicina Unani. É bem verdade que os estudos científicos acerca do assunto ainda são preliminares no sentido de aprofundar algumas informações, como modo de ação e dosagem, no entanto, o Neem hoje é subsidio no tratamento de uma série de doenças de pele, de sangue, diabetes, úlcera, malária, etc. 
Na campo da higiene pessoal, em algumas comunidades, os ramos finos da planta são usados como escova dental natural, evitando cáries, eliminando infecções de gengiva e o mau hálito. 
E o que falar da ação do Neem no reflorestamento ambiental? O composto é tradicionalmente usado em climas semi-áridos, principalmente na Ásia e na África, para a produção de lenha e outros componentes, apresentando rápido crescimento e vigorosa capacidade de rebrota após o corte. Além disso, 60% da árvore pode ser usada para produção de carvão e estacas, com qualidade equivalente à do eucalipto. 
Reunindo esse conjunto de utilidades e soluções, é salutar dizer que os benefícios da árvore favorecem todo o ecossistema e culturas, fazendo do Neem um agente transformador e sustentável ao meio ambiente, reforçando sua importância para os séculos XXI e futuros. 
* Gerald Moser é engenheiro agrônomo e especialista na cultura do Neem há mais de 20 anos.

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