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A importância da soja no desenvolvimento do MERCOSUL


Amélio Dall’Agnol
Os países que constituem o bloco econômico do MERCOSUL têm, no segmento agrícola, a sua maior força e em todos eles, a soja se apresenta como o principal produto de exportação. A região constitui-se, também, no principal centro produtor mundial de soja, com claros sinais de que seu potencial produtivo ainda não se esgotou, devendo seguir com sua trajetória de crescimento, tanto no aumento da área, quanto no crescimento da produtividade.


E mais: é possível crescer sem temer o excesso de oferta, e a consequente queda nos preços, visto que o mercado sinaliza com promessas de manutenção ou aumento da demanda pelo grão, como resultado do crescimento da população, e, principalmente, do aumento da renda per capita nos países em desenvolvimento, o que promove o consumo de carnes, que têm na soja a principal fonte de matéria prima para produzi-las. As recentes frustrações de safra na zona do MERCOSUL têm mantido os estoques de passagem em níveis muito baixos, o que fortalece o quadro de preços altos.

O crescimento da produção de soja nos países do MERCOSUL tem sido digno de registro. Sem exceção, os quatro países que compõem o Bloco tiveram aumentos expressivos de produção. Nos primeiros 11 anos deste século, as produções de soja brasileira, argentina e paraguaia cresceram, respectivamente, 96%, 78% e 37%. Em outros termos, a produção de soja do Brasil evoluiu de 38,4 para 75,5 milhões de toneladas; a da Argentina passou de 27,8 para 49,5 milhões de toneladas e a do Paraguai registrou aumento de 3,5 para 8,3 milhões de toneladas. O Uruguai, o mais novo membro do clube da soja, foi o que apresentou o crescimento mais espetacular, em termos proporcionais, passando de 28,0 mil toneladas, em 2001, para 1,55 milhões de toneladas, em 2011. Um impressionante crescimento de 5.400%, ou 54 vezes. Sua produtividade, no entanto, foi a mais baixa da região, no período. O Brasil e o Paraguai, por sua vez, figuraram com a produtividade mais estável e a mais instável, respectivamente.

A maior estabilidade produtiva da soja brasileira deve ser creditada à parcela da produção que é colhida no Cerrado, onde a chuva na primavera e no verão é abundante e contínua, favorecendo produtividades muito próximas através dos anos.

A inconstância das produtividades da soja na região sul do Brasil, à semelhança do que ocorre no Paraguai e no Uruguai, e, eventualmente, também na Argentina, deve ser creditada, principalmente aos regimes pluviométricos inconstantes e não ao uso deficiente de tecnologia.


No Uruguai, mesmo em anos de boas precipitações, sua produtividade fica abaixo da dos demais parceiros do MERCOSUL, a exemplo do que também acontece no Brasil, com a produtividade do estado do Rio Grande do Sul, o que poderia ser atribuído à estratégia dos produtores dessas regiões de investir menos em insumos de produção (particularmente fertilizantes), temendo uma provável estiagem, quando têm maiores prejuízos aqueles produtores que investem mais em insumos de produção.

A propósito, é importante salientar que o que realmente importa ao produtor não é a produtividade, mas a lucratividade. De nada serve ser campeão de produtividade e fechar a safra no vermelho. Às vezes, é possível ganhar mais, produzindo menos, razão pela qual poderia ser recomendável para um produtor localizado em região de alto risco climático, de investir menos em fertilizantes, optando por uma produtividade menor, mas também, por um prejuízo menor, na eventualidade de ocorrer uma estiagem.

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