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A Importância da Governança Corporativa no Processo Sucessório


Opinião Livre
Sem dúvida a figura mais importante da empresa familiar é o fundador. O pai, avô, aquele que desenvolveu e concretizou o negócio é exemplo a ser seguido pelos familiares. Ele possui todo o conhecimento sobre a empresa e sabe a melhor forma de solucionar cada tipo de problema corporativo.
Além disso, a imagem que a própria organização representa frente ao mercado está diretamente vinculada à personalidade do patriarca. Seus princípios e valores são incorporados no modo de atuação da empresa, direcionando o posicionamento que ela apresenta frente aos funcionários, aos clientes e à comunidade.
A identidade de uma empresa familiar, portanto, está pautada em quatro pilares, que foram adotados pelo fundador no início do negócio, a saber:
         - Palavra / Credibilidade;          - Perseverança;          - Carisma / Liderança;          - Cultura.
Garantir a perpetuação dessas bases, transmitindo-as aos sucessores, é o principal meio para perpetuar os negócios de família, sedo este o sonho do fundador.
A continuidade deve ser realizada com o planejamento sucessório, além de inclusão de mecanismos de profissionalização e de transparência, de forma a minimizar os conflitos entre parentes.
O primeiro passo para uma boa sucessão e profissionalização é  governança corporativa e aqui apresentamos os conceitos e o processo como um todo para que o leitor possa ter uma visão geral de onde deve-se iniciar o processo.
O QUE É GOVERNANÇA CORPORATIVA?
A governança corporativa compreende a estrutura de relacionamentos e correspondentes responsabilidades de sócios, conselheiros e gestores, definidas estas da melhor maneira, de modo a encorajar as empresas a terem o desempenho econômico como objetivo principal. Ela é definida como valor, apesar de, por si só, não cria-lo. Isso somente ocorre quando ao lado de uma boa governança temos também um negócio de qualidade, lucrativo e bem administrado. Neste caso, a boa governança permitirá uma administração ainda melhor, em beneficio de todos os sócios e aqueles que lidam com a empresa.
Assim, governança corporativa é o conjunto de mecanismos adotados com o objetivo de assegurar que os gestores alocarão os recursos de forma a atender os interesses dos acionistas, ou seja, o conjunto de práticas vinculadas à profissionalização.
As boas práticas de Governança Corporativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perpetuação. Com a providência, qualquer desvio de conduta por parte dos componentes da empresa, seria considerado como infração, podendo gerar penalidades, de acordo com a gravidade do ato.
Considerando que a Governança Corporativa é um sistema de regras de natureza procedimental, de cunho ético e moral, sua efetivação dependerá da adesão de todos os envolvidos no direcionamento estratégico da organização, às normas comportamentais e funcionais estabelecidas.
A preocupação com a transparência das informações, bem como com a responsabilidade dos executivos, tem sido motivo de preocupação e crescente interesse por parte dos investidores, principalmente nas empresas de natureza familiar, sendo a falta de clareza na conduta, um dos principais fatores desencadeadores de conflitos, que levam, invariavelmente, à mortalidade precoce da organização.
Neste ambiente competitivo, o Conselho de Administração assume grande relevância no desenvolvimento da gestão corporativa. Sua formação e estrutura podem ter o papel decisivo na sobrevivência da empresa, na conquista de novos mercados e nos direcionamentos estratégicos das organizações.
O Programa de Qualificação de Sucessores é uma ferramenta importante no processo de profissionalização das empresas familiares. Em virtude da crise que se abateu nos mercados, e consequentemente nas organizações de uma forma geral, tornou-se fundamental para as corporações de natureza familiar desenvolver mecanismos que minimizem riscos e ajudem a estabelecer os direcionamentos estratégicos. Isso pode ser feito por meio de alguns posicionamentos que a família deve adotar frente a seus negócios, a saber:
- Metas e Objetivos de Longo Prazo; - Definição dos papéis do Conselho de Administração; - Definição do papel do gestor corporativo, além da descrição exata de suas funções, de maneira a nortear sua conduta e permitir a obtenção de resultados. Só haverá eficácia no processo sucessório e na condução dos negócios de família, se houver profissionalização por meio das ações de transparência e Governança Corporativa, respaldados pelas ações e pelo carisma do fundador.
Domingos Ricca Sócio-Diretor da Ricca & Associados Consultoria e Treinamento e da Revista Empresa Familiar. Consultor especializado em Governança Corporativa para Empresas Familiares. Palestrante e Conferencista nacional e internacional. Conselheiro da FIERGS. Administrador, MBA em Gestão pela Wisconsin University,  PhD em Administração pela Florida Christian University. Certificado em Governança Corporativa pela SQS Suíça. Autor dos seguintes livros: Governança Corporativa nas Empresas Familiares: Sucessão e Profissionalização. Editora CL-A. São Paulo, 2012; Sucessão nas Empresas Familiares: Conflitos e Soluções. Editora CL-A. São Paulo, 2006; Da Empresa Familiar à Empresa Profissional. Editora CL-A. São Paulo, 1998.

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