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A exitosa trajetória do milho no Brasil


Amélio Dall’Agnol
Em várias oportunidades ocupamos este espaço para enaltecer a pujança do agronegócio brasileiro, resultado, principalmente, do incremento significativo da produtividade no campo. Boa parte das melhorias que o povo brasileiro usufrui atualmente é produto desse desenvolvimento. Só não vê quem não quer.
No transcorrer de pouco mais de duas décadas, a produção de grãos no Brasil cresceu 234% (58 milhões de toneladas, em 1990 para 193,5 milhões de toneladas, em 2013/14), razão pela qual nossa comida ficou mais barata, além de permitir a exportação de vultosos excedentes, o que contribuiu para a redução da fome aqui, assim como no resto do mundo e gerou riqueza e empregos para o nosso país.
Adicionalmente, os expressivos aumentos de produtividade proporcionaram mais renda ao homem do campo, melhorando o seu nível de vida e estimulando-o a permanecer no cultivo da terra, que é o que ele sabe e gosta de fazer, evitando a migração para a cidade, onde ele não é solução, mas problema, dada a sua baixa qualificação para as atividades urbanas.
Hoje vamos falar do milho, que, juntamente com a soja, responde por mais de 80% da produção brasileira de grãos, os quais constituem a principal matéria prima para a produção de carne (bovina, suína e de aves), produto sobre o qual o Brasil exerce a liderança global nas exportações.
Mesmo não sendo agricultor, o leitor sabe que o milho é uma cultura que tradicionalmente se planta na primavera e se colhe no outono. Mas, em boa parte do Brasil, o milho também é semeado no verão e colhido em pleno inverno, com riscos de perdas com as geadas tardias nos estados mais frios do Sul ou por falta de chuvas no outono, na região de Cerrado. Mesmo consciente desses riscos, o produtor tem relevado o problema e o milho safrinha segue ganhando espaços significativos no Brasil, já superando em mais de 10 milhões de toneladas o milho safra (34.800.000 t o milho safra contra 46.100.000 t o milho safrinha).
A área total (safra+safrinha) cultivada com milho no Brasil cresceu apenas 17,4% nos últimos 23 anos (13.452.000 ha, em 1991 para 15.797.000 ha, em 2013/14), enquanto que sua produção no período deu um salto de 236% (24.096.000 t para 80.936.000 t), resultado do incremento de 186% na produtividade (1.791 kg/ha para 5.123 kg/ha).
A transformação processada na cultura do milho no Brasil ao longo de pouco mais de duas décadas (1991/2013), é digna de espanto, seja pelo crescimento superior a 1.000% na área cultivada com o milho safrinha (800.000 ha para 8.986.000 ha), ou pelo incremento da produtividade de ambas as safras, que nesse período passou de 1.821 kg/ha para 5.109 kg/ha (o milho safra) e 1.320 kg/ha para 5.133 kg/ha (o milho safrinha). Incrementos na produtividade da ordem de 181% e 289%, respectivamente. Inacreditável.
O produtor, claramente optou pela substituição de boa parte da área que tradicionalmente cultivava com o milho safra, por soja e, em contrapartida, incrementou significativamente o cultivo do milho safrinha em sucessão à soja. Considerando que as produtividades médias de ambas as safras de milho se equivalem (5.109 do milho safra e 5.133 kg/ha do milho safrinha), intui-se que os ganhos do produtor são maiores utilizando este sistema produtivo, o que explica a redução em 46% da área cultivada com o milho safra (12.652.000 para 6.813.000 ha), em contraste com o incremento superior a 1.000% do milho safrinha.
O agronegócio representa o Brasil que deu certo e deveria merecer mais respeito e consideração por parte da sociedade brasileira. A bem da verdade, ele carrega o Estado a reboque com os bilionários superávits da sua balança comercial, apesar dos crônicos gargalos logísticos que enfrenta no transporte, na armazenagem e nos portos. No afã por solucioná-los, ele assume o ônus que deveria ser do Estado. Tem quem não enxerga.
Amélio Dall’Agnol, Pesquisador da Embrapa

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