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A Embrapa Amapá e o Desenvolvimento Sustentável


Newton de Lucena Costa

A pesquisa agropecuária e florestal, que constitui o negócio da Embrapa Amapá, detém um papel fundamental no desenvolvimento do estado, pois ao disponibilizar alternativas tecnológicas viáveis, propicia o desenvolvimento sustentável da sua agropecuária, conciliando produção com preservação ambiental, o que representa um recurso estratégico para o combate à crise social e econômica. A sociedade brasileira está passando por um profundo processo de transformação, o qual redireciona as ações governamentais que devem primordialmente assegurar a inserção competitiva do país no cenário internacional, diminuir as desigualdades espaciais e sociais, tornando o Estado moderno e eficiente. Nos próximos anos, as ações que contribuírem para a geração de emprego e para aumentar o saldo positivo na balança comercial receberão tratamento preferencial pelos poderes públicos. Os cenários futuros para o agronegócio nacional convergem para uma agropecuária consciente das demandas potenciais dos três tipos de atividades agrícolas (subsistência, transição e de mercado), com crescente sensibilidade ambiental, comprometida com a preservação dos recursos naturais, da biodiversidade e melhoria da qualidade de vida. Ademais, deve ser competitiva, com qualidade e produtividade, tecnologicamente avançada, demandante de informações técnico-gerenciais e promotora de emprego e renda. A sustentabilidade da Embrapa Amapá está na capacidade de responder às demandas propostas e oferecer aos governantes e à sociedade em geral, a oportunidade de encontrar dentro desta Instituição o respaldo necessário ao desenvolvimento tecnológico da agropecuária estadual.

Os esforços governamentais relacionados com o desenvolvimento sócioeconômico das regiões tropicais, utilizando tecnologias tradicionais, tem sido associados ao estabelecimento de níveis expressivos de degradação do meio-ambiente. A implementação de uma política de desenvolvimento rural sustentável tem sido uma tarefa difícil, uma vez que se fundamenta na adoção de um enfoque sistêmico, no qual diversos aspectos devem ser contemplados, tais como: 1. viabilidade biológica; 2. viabilidade econômica; 3. aceitabilidade social; 4. vontade política; 5. respeito pelo ambiente; 6.equidade dentro e entre gerações; 7. disponibilidade tecnológica e, 8. aplicabilidade prática. Na concepção das políticas e programas voltados para o desenvolvimento sócioeconômico, devem ser consideradas algumas tendências do cenário global da economia de mercados, que, entre outras, apresenta as seguintes macrotendências:

· produção de bens respaldada em conhecimento ténico-científico atualizado e com utilização de recursos humanos capacitados, constituem atributos para torná-los mais competitivos;

· políticas de desenvolvimento com integração de esforços sócioeconômicos dentro dos mercados nacionais, regionais e globais;

· disponibilidade de um expressivo volume e facilidade de acesso à informação técnico-científica através das modernas técnicas de comunicação global existentes;

· redução do tempo médio para transformação da ciência em tecnologia;

· priorização da condição de sustentabilidade nos projetos de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D);

· adoção de prioridades de P&D para atender às crescentes demandas de alimentos provocadas pelo crescente aumento populacional, dentro dos princípios de conservação e qualidade ambiental de interesse para as próximas gerações;

· reforma do Estado com maior participação da sociedade nos processos decisórios e na competição por recursos públicos;

· participação do setor privado no financiamento de projetos de Ciência & Tecnologia (C&T)

A adoção de uma estratégia de desenvolvimento socioeconômico da Amazônia, alicerçada no desenvolvimento sustentável, tem sido sinalizada pela Agência de Desenvolvimento da Amazônia. Neste modelo, a interação inovadora entre os processos produtivos e a organização social em relação à natureza deve provocar uma profunda alteração da estrutura produtiva da região e, consequentemente, em uma reorientação tecnológica e organizacional dos segmentos tradicionais do setor produtivo. Como condição para viabilizar este modelo, três linhas prioritárias e complementares, voltadas para a reestruturação do setor produtivo, foram identificadas: 1. renovação tecnológica das atividades econômicas de reconhecido impacto ambiental; 2. modernização e dinamização das atividades tradicionais ecologicamente sustentáveis; e, 3. desenvolvimento e implantação de novos ramos e atividades com potencial econômico e de sustentabilidade.

A programação institucional adotada pela Embrapa Amapá para sustentar as políticas e programas governamentais para o desenvolvimento rural sustentado está fundamentada na interação de três políticas fundamentais: 1. política de P&D destinada a gerar e assegurar a qualidade de suas tecnologias, seja na forma de produtos, práticas, processos e serviços; 2. política de vendas ou distribuição destinada a garantir à sociedade o adequado acesso às tecnologias disponíveis; e, 3. política de comunicação empresarial destinada a garantir à sociedade o conhecimento das ações institucionais que vem realizando e, ao mesmo tempo, manter a instituição bem informada sobre as demandas dos diferentes segmentos da sociedade. Na administração destas políticas a Embrapa Amapá executa suas ações institucionais pautadas sobre um conjunto de princípios estratégicos:

1. parceria como mecanismo de interação e fortalecimento institucional;

2. enfoque sistêmico de modo a estabelecer uma visão global e holística do setor, das cadeias produtivas, dos sistemas de produção e dos sistemas biológicos no estabelecimento de suas ações;

3. P&D como compromisso de não apenas gerar conhecimento científico (ciência) mas, principalmente, de transformá-lo em produtos, práticas, processos e serviços que possam ser apropriados pela sociedade (tecnologia);

4. demanda, de maneira que as ações de P&D sejam voltadas para o mercado;

5. cadeia produtiva para ter como referencial de análise não apenas o sistema de produção dentro de uma propriedade rural, mas a conformação e as tendências de toda a cadeia produtiva;

6. sustentabilidade para que as soluções desenvolvidas tenham como objetivo final o desenvolvimento rural sustentável nas suas dimensões econômica, ecológica, social e biológica;

7. qualidade total, em especial na organização do trabalho, fundamentado na gerência de processos para otimizar os recursos utilizados com maior flexibilidade organizacional e garantir resultados mais satisfatórios para os clientes e/ou usuários.

Newton de Lucena Costa - Chefe Geral da Embrapa Amapá

 

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