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A balança comercial brasileira e o agronegócio


Amélio Dall’Agnol
O Brasil nunca teve destaque no comércio internacional. Pelo seu tamanho e potencial, deveria ter mais protagonismo no fluxo de mercadorias que transitam entre as nações, seja exportando mais, assim como importando mais. Porém, sua participação nas transações comerciais globais é pequena, tendo oscilado entre 1,08% (2004) a 1,43% (2011) na última década. Em 2014, segundo dados do Ministério da Indústria e Comercio (MDIC), o Brasil contribuiu com US$ 225 bilhões, sobre um total mundial em transações comerciais, superior a US$ 17 trilhões. 
Segundo o MDIC, nossas exportações, além de poucas, se concentram em produtos de baixa tecnologia (commodities agrícolas e minério de ferro, principalmente) e, portanto, com baixo valor agregado. Em 2014, 41.1% das nossas exportações se encaixaram nessa categoria, 27% foram produtos de média-baixa tecnologia, 24.9% de média-alta e apenas 7% de alta tecnologia (aviões da Embraer, por exemplo).
Os produtos agrícolas são a base das exportações de nações menos desenvolvidas, como o Brasil. Cerca de 23% do PIB brasileiro de 2014 veio do agronegócio e quase 40% das nossas exportações tiveram a mesma origem, com destaque para a soja, as carnes e o açúcar. A partir da última década, o milho assumiu importância na pauta das nossas transações com o exterior, chegando a liderar as exportações mundiais do produto, em 2011, como resultado da estiagem nos EUA e do impressionante aumento na produção do milho safrinha, já superando a produção do milho safra: 50 mi t vs 31 mi t.
Apesar do pequeno montante das exportações, a balança comercial brasileira tem-se mantido superavitária nas últimas décadas, graças ao agronegócio.  No acumulado de 2001 a 2014, as exportações do agronegócio superaram as importações deste setor em US$ 678,2 bilhões. No mesmo período, o déficit dos demais setores da economia nacional foi de US$ 360,7 bilhões, resultando num superávit comercial para o País, no período, de apenas US$ 317,5 bilhões, proporcionado integralmente pelos saldos do agronegócio.
Mas, após décadas, em 2014 o saldo da balança comercial brasileira foi negativo em US$ 3,96 bilhões e promete repetir-se em 2015, apesar do esperado superávit agrícola de cerca de US$ 80 bilhões, mas insuficiente para cobrir o rombo nos demais segmentos do setor produtivo. No acumulado de janeiro a março de 2015, a balança já apresenta um déficit de US$ 5,56 bilhões.
As causas pelo reduzido protagonismo do Brasil nas transações comerciais internacionais são muitas e as soluções não são simples. Algumas dependem de nós mesmos, outras não. Dentre as causas que independem do esforço do Brasil para solucioná-las, pode-se salientar as barreiras tarifárias e não tarifárias que dificultam ou impedem nossos produtos de alcançar mercados protegidos. Dentre os gargalos solucionáveis por ações do governo brasileiro, pode-se citar o custo Brasil, a baixa eficiência da nossa mão de obra, o excesso de burocracia, a falta de uma política industrial, a falta de foco na agregação de valor, a falta de agressividade nas negociações internacionais e a infraestrutura deficiente em rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos. 
No âmbito agrícola, os órgãos de pesquisa e de assistência técnica vêm fazendo a sua parte, disponibilizando ao setor produtivo ferramentas tecnológicas capazes de incrementar a produtividade do campo e, consequentemente, os ganhos do produtor, tornando-o mais competitivo.

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