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2015: Um ano chave para a luta contra a fome


Opinião Livre
*Raúl Benítez, Representante Regional da FAO para a América Latina e Caribe 
O ano de 2015 pode marcar a virada na luta regional contra a fome. Este é o prazo para alcançar as duas metas que a comunidade internacional estabeleceu para medir os progressos em tema de segurança alimentar: uma é a meta 1c dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), que visa reduzir pela metade o percentual de pessoas com fome aos níveis de 1990-92, a outra meta é a da Conferência Mundial da Alimentação (CMA), que busca reduzir pela metade o número total de pessoas, o que é ainda mais ambicioso devido ao crescimento da população.
A região da América Latina e Caribe é a que registrou os maiores avanços na redução da fome: já alcançaram a meta do ODM, por haver diminuído o percentual de pessoas que sofrem fome de 15,3% em 1990-92 a 6,1% na atualidade. A região também reúne o maior número de países individuais que alcançaram a meta no mundo (quatorze) e outros quatro estão perto de cumpri-la.
De acordo com a principal publicação regional da FAO, o Panorama de Segurança Alimentar e Nutricional 2014, América Latina e Caribe é uma das poucas regiões do planeta que ainda pode alcançar a meta da CMA. Até o momento, conseguiu 92% de avanço, reduzindo o número de pessoas afetadas pela fome de 68,5 para 37 milhões em pouco mais de 20 anos. Mundialmente, em contraste, a meta está muito longe, com um progresso de 41% nesta direção.
A tarefa pela frente não é fácil: se a nossa região quiser cumprir a CMA, 2,75 milhões de pessoas devem superar a fome durante 2015. Isto exige que os governos literalmente dobrem os seus esforços, considerando que a média de redução durante os últimos vinte anos tem sido de 1,4 milhões de pessoas por ano.
O desafio é difícil, mas não impossível, especialmente se consideramos que o Brasil e outros dez países já alcançaram este objetivo, assim como a sub-região da América Latina. A isto se soma o fato de que a segurança alimentar está no topo da agenda política regional.
Em 2014, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, CELAC, solicitou FAO, CEPAL e ALADI que trabalhassem em um projeto de Plano para a Segurança Alimentar, Nutrição e Erradicação da Fome, que se espera que seja aprovado e adotado pela CELAC durante a sua próxima Cúpula de Presidentes e Chefes de Estado, em janeiro de 2015. Iniciativas como esta são vistas em todos os níveis na região: os países da ALBA e Petrocaribe estão executando o plano Hugo Chávez Frías de Erradicação da Fome e da Pobreza, enquanto que todas as principais organizações de integração sub-regionais - UNASUL, SICA, CARICOM, CAN, Mercosul e SELA - estão atacando o problema por meio de estratégias e planos projetados para atender aos seus desafios e realidades.
Segundo o Panorama 2014 da FAO, o histórico deste movimento pode ser encontrado na Iniciativa América Latina e Caribe sem Fome 2025 (IALCSH) um compromisso assumido por 33 países da região há quase uma década, cuja base é a decisão de erradicar completamente a fome antes de 2025, unindo as energias de toda a sociedade.
Nos países estão sendo implementadas várias políticas públicas que abordam os problemas sociais em curto prazo ao mesmo tempo em que se buscam gerar mudanças estruturais que ofereçam soluções permanentes em longo prazo.
Para consolidar os progressos já alcançados, a região deve continuar apoiando a sua integração e a cooperação Sul-Sul, monitorando e avaliando suas políticas públicas e fortalecendo seus esforços para alcançar a total segurança alimentar, de modo que a geração atual seja a última a viver com fome na América Latina e no Caribe.

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