Tarifas dos EUA impactam mercado do açúcar
Açúcar recua com tarifas e queda do petróleo

As expectativas em torno do anúncio de novas tarifas comerciais pelos Estados Unidos interromperam o movimento de alta nos preços do açúcar registrado no início da semana, resultado dos fracos números da moagem de março na Índia. A volatilidade aumentou e o adoçante encerrou a sexta-feira cotado a 18,84 centavos de dólar por libra-peso.
Apesar das incertezas, o impacto direto das tarifas sobre o fluxo global de açúcar foi limitado. Isso ocorre porque países como Canadá e México foram isentados das novas medidas. “O tarifaço teve um impacto mínimo sobre o fluxo do açúcar, já que o Canadá e o México estão isentos e espera-se que as cotas TRQ comecem a pagar as novas tarifas — embora esta última permaneça bastante incerta, já que o programa não foi explicitamente mencionado”, afirmou Livea Coda, coordenadora de Inteligência de Mercado da Hedgepoint Global Markets.
Ainda segundo ela, fatores macroeconômicos pesaram no mercado. “As preocupações com uma possível recessão nos EUA e com o aumento da inflação estão pressionando o dólar, aumentando o poder de compra de outras moedas”, explicou.
A queda nos preços do petróleo, que recuou mais de 7%, somada à valorização de moedas emergentes e à instabilidade no dólar, contribuiu para a retração de quase 2,5% nos preços do açúcar na quinta-feira. O movimento foi amenizado pelo suporte encontrado na arbitragem de importações chinesas, que ajudou a manter o adoçante próximo aos 18,7 c/lb.
Na visão dos analistas, o anúncio das tarifas — feito durante o chamado “Dia da Libertação” por Donald Trump — limitou os ganhos que poderiam ter sido impulsionados pela fraca moagem indiana. A reação do mercado também refletiu o receio de possíveis retaliações comerciais por parte da China e da União Europeia, cenário que ampliou a cautela dos investidores.
O México, por sua vez, tende a se beneficiar da situação. Como fornecedor isento das novas tarifas, o país fortalece sua posição como principal exportador de açúcar para os Estados Unidos. Caso as cotas tarifárias (TRQ) passem a ser tarifadas, como especulado, a vantagem competitiva do açúcar mexicano pode se acentuar.
Enquanto isso, a nova safra brasileira surge como um possível fator de equilíbrio. A antecipação da moagem em diversas usinas reforça a expectativa de maior oferta no curto prazo. Analistas acompanham indicadores como o Índice de Saúde da Vegetação para avaliar o impacto da safra na formação de preços. Mesmo com incertezas no cenário externo, a posição do Brasil como grande produtor pode ajudar a moderar oscilações mais intensas no mercado global.