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Tarifa zero para milho acende alerta no setor

Produtores atentos à concorrência com milho externo



Foto: Pixabay

A recente decisão do governo federal de zerar as tarifas de importação de milho para todos os países acendeu o alerta no setor agrícola e gerou debates sobre os impactos da medida no mercado interno. Embora o Brasil seja um país superavitário na produção do grão, a importação é prática recorrente para suprir demandas regionais, especialmente no Sul e, mais recentemente, no Nordeste.

Tradicionalmente, o milho importado chega ao Brasil de países do Mercosul, como o Paraguai, que já contavam com isenção de tarifas em razão dos acordos comerciais do bloco. Com a nova decisão, o leque de origens se amplia e traz incertezas quanto à competitividade do milho nacional.

Segundo estimativas da Biond Agro, o milho importado pode entrar no mercado brasileiro com valores entre R$ 85 e R$ 91 por saca. Em caso de maior competitividade, isso pode exercer pressão nos preços internos. “Se esses preços se confirmarem, a maior oferta pode ancorar os valores próximos a R$ 80 por saca”, analisa Felipe Jordy, gerente de inteligência e estratégia da Biond Agro.

Para Jordy, os efeitos da medida ainda são incertos e exigem acompanhamento constante. “A medida do governo pode ser uma faca de dois gumes. Se, por um lado, ela pode ajudar a controlar os preços internos, por outro, é uma ameaça para aquele produtor que espera melhores preços. É fundamental que se acompanhe de perto a evolução dos custos de importação e a reação dos produtores brasileiros”, avalia.

O cenário climático também se apresenta como fator decisivo no comportamento do mercado. Problemas durante o desenvolvimento da safrinha podem reduzir a oferta interna e ampliar a necessidade de importação. “O clima é sempre uma variável importante, mas em um ano como este, com tantas incertezas no mercado internacional, ele se torna ainda mais crucial. Se tivermos problemas climáticos, a importação será uma válvula de escape para garantir o abastecimento interno e evitar uma alta excessiva nos preços do milho”, acrescenta Jordy.

Enquanto isso, o mercado adota uma postura de cautela, à espera dos próximos desdobramentos que envolvem variáveis políticas, econômicas e climáticas.

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