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Como a semeadura em taxa variável pode maximizar o potencial da sua área?

Ententa como a agricultura de precisão auxilia na semeadura das principais culturas



Foto: USDA

A agricultura de precisão é uma estratégia que visa explorar as áreas conforme a variabilidade espacial do talhão, extraindo o máximo potencial das áreas. Esse recurso trouxe uma série de benefícios aos agricultores, principalmente aos amantes de tecnologia.

Um dos recursos existentes dentro da agricultura de precisão é a taxa variável, que permite a aplicação de diferentes insumos em dosagens ajustadas em função da variabilidade espacial da área. Primeiro se define uma taxa média de aplicação de insumos e esse valor é ajustado com base em diversas informações, como por exemplo, fertilidade do solo, topografia, histórico de produtividade, pragas e doenças e muitos outros. Essa estratégia visa uniformizar a capacidade produtiva da área, reduzindo custos e maximizando a produtividade em pontos com maior potencial.

A tecnologia da taxa variável não é novidade, mas ano após ano ela vem sendo aprimorada e se tornando cada vez mais eficiente. Dentro dessa linha está a semeadura em taxa variável, que não só otimiza a distribuição de sementes, mas também a aplicação de fertilizantes de base.

Para falar sobre a importância da semeadura em taxa variável, conversamos com Luis Felipe Martin, integrante do time de Desenvolvimento de Mercado Digital na região sul do Brasil da Xarvio Digital Farming Solutions, ferramenta digital da empresa BASF.

Luis, o que é o Xarvio?

O Xarvio Digital Farming Solutions da BASF tem como visão e valor, levar soluções desde o plantio até a colheita. Só que muito mais disso, nós podemos dizer que é desde o pré-plantio até a pós-colheita. E de alguma maneira levar algum tipo de solução digital para o produtor, no qual ele tenha rentabilidade, sustentabilidade, aumento de produtividade. Então de alguma forma tentar facilitar a vida do produtor no campo, concentrando tudo isso dentro de uma única plataforma. Hoje nós trabalhamos com a plataforma Xarvio Field Manager e ao invés de você acessar uma plataforma para ter acesso ao mapa, uma segunda plataforma para ter acesso a clima, uma terceira para ter acesso a gerenciamento, oferecemos ao produtor todas essas soluções dentro de um único login, otimizando a vida do produtor ali na ponta.

Hoje nós estamos em sete países sendo que o Brasil é o principal deles. Atuamos também na Argentina, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França e Japão, então, são esses sete países, nível global. Hoje todas as soluções são desenvolvidas na Alemanha e aqui no Brasil nós testamos e validamos em campo para conduzir ao comercial. Iniciamos a nossa jornada em 2019 em soja, com mapeamento de plantas daninhas como nosso primeiro produto. Aí nós avançamos para o algodão e agora nós estamos entrando na cana-de-açúcar também. Claro que nós atendemos outros cultivos e com outras soluções como o plantio em taxa variável, que é usado atualmente para as principais culturas do país (soja, algodão e milho). 

Além das principais culturas, há a possibilidade para expansão para outras culturas, como fruticultura?

Caso surja, seria com base no que nós já temos pronto hoje para esses cultivos e se consegue adaptar para os demais. Mas pensando na necessidade hoje do país, o foco realmente é o sistema soja, soja/milho, soja/algodão e agora dada a relevância no centro-sul, a gente está trabalhando com cana-de-açúcar também, mas a princípio são as principais culturas.

Como funciona a semeadura em taxa variável?

Basicamente, é variar a população de semente dentro do talhão, mas de que forma? De forma que você realoque de uma maneira mais racional sem alterar a população final. Então se a população final for 500 mil sementes por hectare vai continuar. O que vai mudar? Nós vamos realocar nas diferentes zonas do talhão essa população. Para isso nós temos, o nosso mapa, que é o PowerZone. O PowerZone basicamente é uma média dos mapas de biomassa dos últimos oito anos. Então ele faz uma interpolação e quando o produtor entra na plataforma, visualiza o mapa com diferentes cores. A cores variam desde a cor do verde mais escuro, que é o alto potencial, até o verde mais claro, que é o baixo potencial. Isso é dividido em cinco zonas, que é alta, alta/média, média, média/baixa e baixa. Geralmente o produtor trabalha com as zonas, alta, média e baixa. E a partir desse mapa como pano de fundo que se realiza a variação da população de sementes. E aí para cada cultura (soja, algodão e milho) tem uma recomendação. 

Existem mais dados interpolados aí ou é basicamente para ver essa questão de desenvolvimento vegetativo? 

Hoje o mapa de PowerZone em si é fundamentado nos mapas de biomassa. A Basf tem uma parceria com o satélite Wondersat, que é quem fornece as imagens, gerando o índice real de área foliar desses mapas de biomassa. Se naquele ponto do talhão tem uma baixa biomassa e você for até lá, realmente vai ter uma baixa biomassa e alta do mesmo jeito. É basicamente um raio X da sanidade da lavoura, por isso essa grande assertividade em relação a zonas de potencial. É uma média de oito anos dos mapas de biomassa, e nós colocamos sempre o cliente no centro do negócio e consultamos ele, mostrando a área. “João, a sua área é essa, faz sentido?” E fala: faz. Então é muito assertivo e isso nos traz muita segurança também para gerar os mapas e prescrição e garantir um incremento de produtividade. 

E vocês pretendem fazer alguma correlação assim, até com dado de produtividade ou algum outro parâmetro como os de fertilidade do solo, para dar uma visão mais robusta? 

É possível. Dentro da plataforma, quando você cadastra o talhão e gera o mapa de biomassa, porém você pode inserir outros mapas internos para dentro da plataforma. Por exemplo, o mapa de produtividade quando bem calibrado, o mapa de fertilidade do solo, o mapa de argila, de Cálcio, o mapa de condutividade. E aí é possível você mesclar o mapa de biomassa com o mapa externo e gerar um novo mapa com maior assertividade. Então você gera um segundo mapa ainda mais assertivo para estar fazendo também o plantio em taxa variável. 

Ainda há muitos produtores que tem dificuldade em adotar tecnologias para o seu cultivo. Para qual perfil de produtor é recomendada essa tecnologia? 

Ainda existe essa barreira tecnológica, mas de alguns anos para cá temos observado que ela já diminuiu bastante, sendo possível ultrapassar grandes adversidades na adoção da tecnologia. A plataforma oferece diversos serviços, então você não precisa ser extremamente tecnificado. Se você quiser, pode usar a plataforma como um meio de gerenciamento, usando os mapas de biomassa, de clima, etc. Para esses casos, o produtor não precisa ter um grau de tecnificação tão alto. A plataforma é democrática, atendendo desde um pequeno produtor até um gigante. Para alguns serviços digitais como os mapas de prescrição, o produtor precisa ter algum certo nível de compatibilidade. Ter uma semeadora de taxa variável, corte de seção, tanto de semente como adubo. Então seria a regra básica para que a partir do mapa de prescrição de taxa variável de semente, a semeadora precisa realizar essa leitura da taxa variável e interprete em que zona deve cair mais ou menos sementes. 

Hoje, quando nós falamos do plantio em taxa variável para soja e algodão, nós sempre diminuímos a população de semente de alta produtividade, até para reduzir a competição, melhorar engalhamento, a estrutura de planta e na de baixa nós aumentamos, para compensar ali onde realmente tem baixa produtividade. No milho é realizado o inverso, como milho é uma cultura mais responsiva no campo, se aumenta a semente, a população na de alta, diminui na de baixa. Não há qualquer interferência no potencial genético da semente, nós não mexemos em fertilidade nesse momento, nós não trabalhamos com nenhum outro fator a não ser alterar a população para cada zona, mantendo a população final recomendada por unidade de área. Dentro disso hoje o incremento de produtividade para a soja está em torno de 2.2%, para milho em torno de 5-5.3% e para algodão chegando na casa de 6%. Esse ganho de produtividade, é apenas fazendo manejo populacional. Então, se o produtor entrar com manejo diferenciado de adubação, uma amostragem diferente, o manejo de herbicida, tendência é aumentar ainda mais a produtividade e maior será o retorno que ele vai ter sobre o investimento. 

 

Martin ressaltou ainda que a adoção da tecnologia está mais próxima do produtor do que ele imagina, e sem que sejam necessários grandes investimentos. “Nós sempre falamos isso quando nós abordamos o produtor: não vai mudar a sua operação, não vai te dar mais trabalho, você não vai ter uma tarefa a mais, estamos apenas otimizando o seu dia a dia. E hoje, com essa troca de maquinário, muitos produtores têm taxa variável e nem sabem. Então, nós conseguimos gerar um valor extra para um ativo que ele tem no campo e que ele não usava aquilo lá e que poderia estar diluindo o custo final que ele teve para adquirir o maquinário. Em três anos seguidos, um plantio em taxa variável que tem esse retorno de investimento, acaba pagando uma semeadora com esse recurso extra que ele não utilizava. São várias alternativas para acabar gerando valor na ponta. As vezes uma tecnologia que tem um investimento inicial muito alto, e até que o produtor consiga ter retorno diante das situações climáticas que a gente tem vivido, gera uma incerteza na hora de tomar decisão se ela vai adotar ou não a tecnologia. E nesse caso, ele não vai ter custo extra com isso e dado as diversidades, falando de um ano como o de 2023, que foi um ano extremamente chuvoso no Sul, muito seco no centro, todos os últimos ensaios que nós fizemos, nós tivemos um retorno de produtividade quase de 100%, ou seja, independente se é um cenário atípico ou não, frente a uma taxa fixa ainda existe um ganho de produtividade. O mapa de taxa variável é um fator, existem outros 30 que influenciam na produtividade final, então esse é só mais um meio de aumentar a produtividade, e fazendo isso, gerando valor com algo que ele já tem agregado na máquina, é perfeito”, finalizou.

 

Franquiéle Bonilha da Silva

Dra. Em Ciência do Solo

Consultora Agronômica em PDI

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