O chuchu pode ser bem rentável
O chuchu guarda ainda segredos fascinantes do ponto de vista botânico

Alvo constante de piadas por seu sabor suave e alta concentração de água, o chuchu (Sechium edule) é frequentemente subestimado. No entanto, como destaca Anna Cristina Xavier, da EMATER-RS/ASCAR, essa hortaliça revela-se uma verdadeira joia para a agricultura familiar quando bem manejada. Apesar de ser uma cucurbitácea, seu cultivo é feito de forma semelhante à da uva, em parreirais no sistema de latada.
Durante visitas técnicas a propriedades nos municípios catarinenses de Angelina e Anitápolis, Anna Cristina observou sistemas produtivos vigorosos, irrigados e implantados com o SPDH (Sistema de Plantio Direto de Hortaliças), que garantem qualidade e produtividade à cultura. Segundo ela, quando bem conduzido, o cultivo de chuchu apresenta excelente potencial comercial, especialmente em pequenas áreas com foco na diversificação e sustentabilidade.
O chuchu guarda ainda segredos fascinantes do ponto de vista botânico. Embora seja uma planta dicotiledônea, seus cotilédones não emergem na germinação. Permanecem envolvidos pela semente dentro do próprio fruto, o que facilita sua propagação: basta que o fruto toque o solo para gerar uma nova planta. E mais — todos os seus órgãos são comestíveis: folhas, brotos e raízes tuberosas, estas últimas ricas em fibras e amido, sendo utilizadas como substitutas da mandioca ou da batata em diversas regiões do Brasil.
Para além do prato, o chuchu também pode ser aliado da saúde. Estudos apontam que seus compostos bioativos, como cucurbitacinas, flavonoides e polifenóis, possuem propriedades farmacológicas significativas, incluindo efeitos anticancerígenos, antidiabéticos, antioxidantes e anti-inflamatórios. Variedades silvestres, em especial, concentram até dez vezes mais cucurbitacinas que as versões comerciais, com potencial terapêutico promissor demonstrado em testes laboratoriais.