Quebra de safra no RS pode afetar toda a cadeia produtiva, alerta produtora rural

A seca severa no Rio Grande do Sul já impõe prejuízos irreversíveis aos produtores rurais, comprometendo a safra de soja e afetando diretamente a economia estadual. Segundo Graziele de Camargo, produtora rural e coordenadora do movimento SOS Agro RS, a falta de chuvas regulares levou à perda total de muitas lavouras.

"As chuvas são muito irregulares. Onde chove um pouco, em outras regiões não chove nada. A perda já instaurada não se recupera mais, e a planta está sobrevivendo com pouquíssima umidade. Para serem efetivas, as chuvas agrícolas precisam ser superiores a 40 mm, mas temos regiões do estado há mais de 50 dias sem nenhuma gota de água. Isso faz com que a soja já esteja perdida", afirma Graziele.

A seca prolongada impactou principalmente as lavouras semeadas no início da janela de plantio. "As vagens não encheram, houve muito abortamento de ‘canivetes’ e redução no porte das plantas", explica a produtora. O resultado já reflete no bolso do agricultor. "Meu prejuízo já é superior a 30%. Esperávamos colher mais de 65 sacas por hectare", lamenta.

Além das perdas no campo, a estiagem ameaça a economia do estado. "O produtor rural é a mola impulsionadora da economia gaúcha, responsável por mais de 30% do PIB e da geração de empregos. Se o agro ‘quebrar’, todas as empresas ligadas direta e indiretamente também vão quebrar. A frustração da safra levou embora toda a esperança dos produtores gaúchos de se reconstruírem. Se nada for feito, estaremos condenando gerações futuras à pobreza", alerta Graziele.

Com a seca persistente, produtores e lideranças do agronegócio pressionam por medidas emergenciais para minimizar os impactos da estiagem e garantir a sobrevivência do setor agropecuário no Rio Grande do Sul.