São Paulo deve manter safra de trigo em 2025
“Existem várias opções de cultivo, mas o trigo segue atrativo"

A primeira reunião de 2025 da Câmara Setorial do trigo de São Paulo, organizada pelo Sindustrigo, ocorreu em Capão Bonito (SP) e debateu as perspectivas para a safra do cereal. O encontro indicou que a área cultivada deve se manter estável, apesar da migração de alguns produtores para sorgo e milho devido aos custos. A demanda industrial e a rápida comercialização do trigo mantêm o grão atrativo, segundo José Reinaldo Oliveira, vice-presidente da Câmara Setorial.
“Existem várias opções de cultivo, mas o trigo segue atrativo, pois há uma demanda constante e pouco estoque disponível para os moinhos”, explicou. “Se tivermos um clima neutro, a produtividade pode ser elevada, garantindo boa rentabilidade ao produtor. Mesmo com áreas sendo destinadas a outras culturas, o trigo segue competitivo dentro desse mix, oferecendo segurança econômica ao agricultor”, completou.
Fatores climáticos ainda geram incertezas, mas há otimismo quanto à produtividade. Oliveira destacou que um clima neutro pode favorecer bons rendimentos, garantindo rentabilidade ao produtor. Já o presidente da Câmara, Nelson Montagna, defendeu a expansão da produção estadual, ressaltando que há mercado e demanda para o trigo paulista.
No cenário global, o analista Élcio Bento apontou que as movimentações internacionais influenciam diretamente os preços no Brasil. A guerra na Ucrânia pode normalizar o fluxo de exportações pelo Mar Negro, impactando o mercado. Além disso, possíveis restrições dos EUA nas exportações para a China podem beneficiar a Argentina, aumentando sua participação no comércio global de trigo.
"Somos passageiros do trem argentino, que segue os trilhos das bolsas norte-americanas", comparou. Sobre a guerra comercial entre China e Estados Unidos, ele lembrou que, em 2018, tarifas sobre o trigo americano reduziram drasticamente as exportações para o mercado chinês, e uma nova taxação pode beneficiar a Argentina. "Se os EUA enfrentarem restrições, o trigo argentino pode ganhar espaço na China", disse.