Produção de leite recua com pastagem escassa
Clima e pasto limitam oferta de leite em várias regiões

A produção leiteira segue em retração no Rio Grande do Sul. Segundo dados do Informativo Conjuntural divulgado na quinta-feira (10) pela Emater/RS-Ascar, a escassez de pastagens no período de outono, agravada pelas condições climáticas, tem levado produtores a intensificar o uso de alimentos conservados e concentrados, além de ajustar as dietas dos rebanhos.
A redução das temperaturas resultou na diminuição da população de mosca-dos-chifres, mas contribuiu para o aumento da infestação por carrapatos e da incidência de tristeza parasitária bovina, o que exigiu maior atenção ao manejo sanitário dos rebanhos. “O controle de ectoparasitas tem sido um desafio em decorrência da grande incidência de carrapatos”, destacou o informativo.
Na região de Bagé, a menor disponibilidade de pasto verde de qualidade levou a uma queda de até 20% na produção de leite em algumas propriedades. Em Frederico Westphalen, a produção também recuou em razão da antecipação do vazio forrageiro e das altas temperaturas registradas nas últimas semanas.
No município de Ijuí, propriedades com sistema de produção a pasto observaram diminuição na produção, o que levou ao aumento do uso de forragens conservadas. Em Passo Fundo, após o período de estiagem, houve estabilização das condições do rebanho, com melhora no escore nutricional devido à suplementação alimentar.
Apesar das chuvas recentes, os efeitos sobre a produção variam entre as regiões. Em Caxias do Sul, as precipitações favoreceram os sistemas de produção a pasto, melhorando a oferta de forragem e reduzindo o uso de silagem e feno. A queda da temperatura também eliminou o estresse térmico nos animais. Mesmo com a umidade dificultando a manutenção da qualidade do leite, os produtores conseguiram atender aos padrões exigidos.
Na região de Erechim, o manejo sanitário permanece adequado, com destaque para as vacinações contra raiva bovina, realizadas após o registro de casos. Em Santa Rosa, as chuvas e a redução da insolação contribuíram para o aumento do consumo de alimentos conservados, resultando na retomada da produção diária.
Em Porto Alegre, as temperaturas mais amenas e o volume de chuvas favoreceram tanto o manejo dos animais quanto o preparo de áreas para o cultivo de pastagens de inverno. Situação semelhante foi observada em Santa Maria, onde a intensificação da implantação de forragem de inverno, inclusive em áreas de integração lavoura-pecuária como Júlio de Castilhos, está em curso. Já em Soledade, as chuvas estimularam o rebrote das pastagens perenes e anuais de verão, garantindo maior estabilidade na oferta de forragem.