Indústria química e a discussão sobre o gás natural
As empresas produtoras de gás solicitaram maior flexibilidade
A Agência Nacional do Petróleo (ANP) encerra nesta sexta-feira (8) a consulta pública sobre a revisão da Resolução ANP nº 16, de 2008, que regula as especificações e o controle de qualidade do gás natural. A Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) destaca que a composição estável do gás é crucial para a indústria, que consome cerca de 25 a 27% do gás natural no Brasil. A modificação proposta nas especificações pode trazer danos significativos aos processos industriais, ao meio ambiente e à segurança dos equipamentos, além de comprometer novos investimentos no setor.
Desde 2016, é possível dizer que as empresas produtoras de gás solicitaram maior flexibilidade nas especificações, especialmente em relação ao gás do pré-sal, mais rico em frações líquidas pesadas. No entanto, a Abiquim defende que é possível manter a especificação atual e preservar o valor de matérias-primas como o etano, crucial para a petroquímica. Alterações nas normas poderiam causar uma entrega de gás com composição instável, prejudicando a separação dos insumos e aumentando a emissão de CO2.
Além disso, a oscilação no poder calorífico do gás tem gerado aumento de custos. Em abril de 2024, o preço do gás natural no Brasil atingiu US$ 11,9/MMBTU, um aumento de 87% em relação a 2021. A Abiquim propõe alternativas para aumentar a oferta de gás e reduzir os preços, como a exploração de gás não convencional e novas rotas de escoamento. A associação também defende maior concorrência no mercado de gás para garantir preços mais competitivos e sustentáveis.