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Copom e FED decidem juros: o que esperar das taxas no Brasil e EUA?

Decisões nesta quarta-feira são aguardadas com expectativa pelo mercado


Foto: Divulgação

Nesta quarta-feira (31), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne para decidir sobre a taxa Selic, a taxa básica de juros no Brasil. No mesmo dia, o Federal Reserve (FED), banco central dos EUA, também anunciará sua decisão sobre os juros americanos. Especialistas do mercado financeiro expressam suas expectativas e analisam os possíveis impactos dessas decisões.

Expectativa de manutenção da Selic no Brasil
Marcelo Bolzan, estrategista de investimentos e sócio da The Hill Capital, acredita na manutenção da taxa Selic no Brasil. "A decisão não será surpresa, pois já é um consenso do mercado a manutenção de juros. Mas acredito que o comunicado deve ser mais duro. Tivemos uma piora dos balanços de risco desde a última reunião. O dólar estava em R$ 5,30 há 45 dias e agora está acima de R$ 5,60, o que pode traduzir-se em mais inflação no futuro. Além disso, o IPCA-15 veio mais pressionado e estamos vendo uma desancoragem das expectativas de inflação", explica Bolzan.

Influência do cenário internacional
Carlos Hotz, sócio-fundador da A7 Capital, destaca a melhoria do cenário internacional desde a última reunião do Copom. "O FED pode iniciar a queda de juros em setembro, o que tende a ajudar nas decisões aqui no Brasil. No entanto, o aumento do dólar e a desvalorização do real, decorrentes das incertezas fiscais e das instabilidades entre o presidente Lula e Roberto Campos Neto, pressionam as expectativas", comenta Hotz.

Análise dos investimentos e riscos
Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, ressalta a necessidade de uma maior responsabilidade fiscal no Brasil. "Com a mudança futura na presidência do BC, não acredito que Campos Neto encomendará alguma queda de juros antes disso, devido aos dados de inflação acima do esperado. Nos EUA, a queda de juros deve começar em setembro, se os dados continuarem favoráveis", afirma Cohen.

Marcus Labarthe, especialista em mercado de capitais e sócio-fundador da GT Capital, alerta para os fatores externos que pressionam menos a decisão do BC atualmente. "O risco fiscal e as contas do governo apresentam um rombo grande, impactando mais a decisão do colegiado, que deve ganhar tempo mantendo a taxa de juros no patamar atual. Se o câmbio e as contas do governo continuarem pressionando negativamente, podemos ter uma piora nas expectativas com reversão da queda da Selic", observa Labarthe.

Recomendações de investimentos
Ana Paula Carvalho, planejadora financeira e sócia da AVG Capital, recomenda papéis atrelados ao CDI para aplicações de até um ano e ativos atrelados ao IPCA para prazos mais longos. "Esses produtos protegem o investidor das variações da inflação e podem ser encontrados pagando taxas acima de 6%+IPCA. É importante avaliar a classificação de risco do emissor do título", aconselha Carvalho.

Lucas de Caumont, gestor de investimentos e sócio da Matriz Capital Asset, sugere manter posição em NTNBs devido ao risco de alta da Selic até o final do ano. "Sabemos do interesse político na queda da taxa de juros, e com a possível mudança na presidência do BC, a taxa pode ser cortada antes do esperado. Quem investir em IPCA com juro real estará protegido", explica Caumont. Ele também recomenda cautela com ativos prefixados devido à alta volatilidade.

Perspectivas para a Bolsa
Na bolsa, Lucas de Caumont destaca que a manutenção da taxa de juros deve manter o dólar forte. "Eu olharia mais para empresas dolarizadas, como Vale e Gerdau em commodities, e Petrorio e Petrobras no setor de petróleo", conclui.

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