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Queda nos preços do milho em Chicago e Brasil reflete aumento de oferta e boas condições climáticas

Mês de junho também marcou a terceira desvalorização mensal consecutiva


Foto: Nadia Borges

Após três meses consecutivos de valorização, os preços do milho na CBOT (Chicago Board of Trade) registraram uma queda de 3,7% em junho, atingindo USD 4,38 por bushel. De acordo com os dados do relatório Itaú BBA, no Brasil, o mês de junho também marcou a terceira desvalorização mensal consecutiva, com o milho em Campinas cotado a R$ 58 por saca, uma queda de 1,7% em relação a maio.

Oferta e condições climáticas influenciam preços

Mesmo enfrentando problemas climáticos em algumas regiões e uma redução de área plantada, a segunda safra de milho no Brasil está projetada para apresentar bons resultados. A colheita adiantada da segunda safra tem aumentado a oferta do cereal, especialmente em estados como Paraná e Mato Grosso. A valorização do dólar, no entanto, evitou quedas mais acentuadas nos preços internos do milho.

A Consultoria Agro do Itaú BBA estima que a produção de milho na segunda safra 2023/24 será de 96 milhões de toneladas, elevando a produção nacional de milho para 122 milhões de toneladas. Apesar de problemas como a falta de chuva em regiões importantes e a incidência de cigarrinha, a oferta robusta deverá continuar pressionando os preços internos.

Panorama americano e impacto no mercado global

Nos Estados Unidos, o Departamento de Agricultura (USDA) reportou que 67% das lavouras de milho estão em condições boas a excelentes, uma leve queda em relação aos 69% da semana anterior, mas significativamente melhor que os 51% do mesmo período do ano passado. A produtividade média para a safra 2024/25 foi estimada em 11,4 toneladas por hectare, um aumento de 2,1% sobre a safra 2023/24.

O relatório trimestral de estoques e área plantada nos EUA revelou números acima das expectativas, com os estoques atingindo 126,8 milhões de toneladas no segundo trimestre de 2024, comparado a 123,8 milhões de toneladas esperados pelo mercado. A área plantada foi projetada em 37 milhões de hectares, também acima das expectativas. Caso esses números se confirmem, a tendência é de aumento nos estoques americanos, pressionando ainda mais os preços em Chicago.

Exportações e demanda internacional

As exportações de milho dos EUA mantêm um bom ritmo devido aos preços competitivos e à forte demanda do México, cuja produção da safra 2023/24 foi menor. É esperada alguma recuperação na produção mexicana para a safra 2024/25, mas ainda abaixo dos níveis das safras anteriores. Com isso, a demanda por importações deve continuar elevada, sustentando os embarques americanos de milho.

A projeção de produção de milho para os EUA no relatório WASDE de junho era de 377,5 milhões de toneladas, mas com a área plantada e colhida atualizadas, a produção pode alcançar 383,4 milhões de toneladas, uma diferença de 5,9 milhões de toneladas. No entanto, essa estimativa depende das condições climáticas nos meses de julho e agosto, período crucial para a polinização do milho. As previsões indicam temperaturas acima da média, o que pode impactar a produtividade.

O cenário atual do mercado de milho é marcado por uma combinação de alta oferta, boas condições climáticas nos EUA e a valorização do dólar, que impede quedas mais acentuadas nos preços internos brasileiros. A demanda internacional, especialmente do México, e as projeções de uma safra robusta nos EUA continuarão a influenciar os preços nos próximos meses.

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