Brasileiros consomem menos frutas e hortaliças do que o recomendado pela OMS
Estuudo apontou que apenas 22,5% da população segue a recomendação da OMS

Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontou que apenas 22,5% da população adulta brasileira segue a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o consumo de frutas e hortaliças. A OMS orienta a ingestão de cinco porções diárias em pelo menos cinco dias da semana para promover a saúde e prevenir Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT).
A pesquisa analisou dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para DCNT por Inquérito Telefônico (Vigitel), abrangendo todas as 26 capitais brasileiras e o Distrito Federal entre 2008 e 2023. De acordo com a doutoranda Izabella Paula Araújo Veiga, primeira autora do estudo, foram avaliados dois padrões de consumo: o regular – qualquer quantidade ingerida pelo menos cinco dias na semana – e o recomendado pela OMS.
“Para entender melhor as tendências ao longo dos anos, o período total foi dividido em duas fases: de 2008 a 2014 e de 2015 a 2023. Isso permitiu observar mudanças que poderiam ficar escondidas em uma análise geral. Os resultados mostraram que, em média, 34% da população adulta consumia frutas e hortaliças regularmente, enquanto apenas 22,5% seguiam a recomendação da OMS”, explicou a pesquisadora.
O estudo revelou que mulheres, pessoas entre 25 e 34 anos e indivíduos com maior nível de escolaridade foram os grupos que mais reduziram o consumo de frutas e vegetais ao longo do período analisado. Entre os fatores que podem ter influenciado essa tendência estão a instabilidade econômica e política dos últimos anos e os impactos da pandemia de COVID-19, que alteraram hábitos alimentares e reduziram o acesso a alimentos saudáveis.
Karen Souza, especialista em nutrição clínica e esportiva, aponta que os hábitos alimentares adquiridos na infância desempenham um papel crucial nessa questão. “A introdução alimentar na infância influencia diretamente as escolhas na fase adulta. Se desde cedo a criança tem acesso a produtos industrializados ultraprocessados, que são mais palatáveis devido ao alto teor de açúcar, ela tende a manter essa preferência ao longo da vida”, explica.
Para reverter esse quadro, Karen sugere pequenas mudanças graduais. “Se hoje você consome uma fruta por dia, aumente para duas. Além disso, a diversidade é fundamental. Tente variar os tipos de frutas e hortaliças para estimular o paladar e garantir uma maior ingestão de nutrientes essenciais”, recomenda a especialista.