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Sem milho? Consórcios forrageiros são alternativa viável no Mato Grosso

Consórcios ajudam na ciclagem de nutrientes e no solo



Foto: Nadia Borges

Com o fim de fevereiro, encerrou-se a janela ideal para a semeadura do milho segunda safra na maior parte dos municípios de Mato Grosso, conforme indica o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc). Para as áreas onde o milho não pôde ser semeado a tempo, os consórcios forrageiros surgem como uma alternativa viável para os produtores rurais, conforme o informado pela Embrapa.

A Embrapa Agrossilvipastoril, em parceria com a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), tem desenvolvido estudos sobre diferentes opções de consórcios na segunda safra, com benefícios que vão desde o aumento de matéria orgânica no solo até a mitigação de nematoides e a melhoria da microbiota.

Entre as alternativas estudadas, destaca-se o Sistema Gravataí, que combina braquiária com feijão-caupi. A tecnologia pode ser utilizada tanto para formação de palhada em plantio direto quanto para pastejo animal na integração lavoura-pecuária (ILP). Além disso, o sistema promove fixação biológica de nitrogênio e gera palhada de qualidade, o que pode resultar em maior produtividade na safra seguinte ou em ganho de peso animal.

A Embrapa disponibilizou recentemente um curso on-line gratuito detalhando a implantação, o manejo e os resultados do Sistema Gravataí.

Outros consórcios também apresentam resultados promissores. O sorgo granífero BRS 373 consorciado com estilosantes Bela e a braquiária com Crotalaria spectabilis são opções que ajudam na mitigação de nematoides e no aporte de Nitrogênio ao solo. Já para a ciclagem de nutrientes, os consórcios de capim com nabo forrageiro e capim com trigo mourisco têm mostrado eficiência na disponibilização de Potássio, chegando a 340 kg/ha na palhada.

Para áreas com problemas de compactação do solo, os consórcios múltiplos com até seis espécies diferentes têm demonstrado resultados positivos, melhorando a estrutura do solo e aumentando o teor de matéria orgânica.

Esses consórcios vêm sendo estudados tanto em experimentos da Embrapa Agrossilvipastoril quanto em áreas comerciais. Um dos projetos, financiado pelo REM Mato Grosso, avaliou sete consórcios em plantio direto e seis em ILP durante três safras na fazenda Santana, em Sorriso (MT). Os resultados foram apresentados em um workshop, cuja gravação está disponível no canal da Embrapa no YouTube.

Segundo o boletim semanal do Imea, publicado em 24 de fevereiro, apenas 67% da área prevista para o milho havia sido semeada em Mato Grosso até aquela data. Mesmo que a semeadura alcance 100%, a área total plantada será a metade dos 12,6 milhões de hectares cultivados com soja na primeira safra. Na região médio-norte, onde o milho ocupa 71% da área de soja, ainda há 270 mil hectares disponíveis para outras culturas ou consórcios.

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) define janelas ideais de plantio para mais de 40 culturas em cada município brasileiro, considerando fatores como clima, tipo de solo e ciclo das cultivares. As faixas de risco são classificadas em 20%, 30% e 40%. Além de orientar os produtores, o Zarc é referência para concessão de crédito rural e pagamento de seguros agrícolas. Com o avanço das pesquisas e a adoção de consórcios forrageiros, os produtores de Mato Grosso contam com alternativas sustentáveis e estratégicas para otimizar a produção e garantir a saúde do solo nas áreas onde o milho não foi semeado a tempo.

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