Operação Leite Compen$ado descobre fraude em laticínio no RS
Não há evidências de que outras empresas estejam envolvidas
Uma ação conjunta realizada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Ministério Público Estadual do Rio Grande do Sul (MP/RS) culminou, na manhã desta quarta-feira (11), na 13ª fase da Operação Leite Compen$ado. O alvo foi um laticínio localizado em Taquara, no Rio Grande do Sul. A operação resultou na apreensão de toneladas de produtos e na identificação da fórmula utilizada em fraudes envolvendo leite e compostos lácteos.
Fiscalização e prisão em flagrante
A ação contou com o cumprimento de quatro mandados de prisão preventiva e 16 mandados de busca e apreensão, abrangendo empresas e residências em Taquara, Parobé, Três Coroas, Imbé e São Paulo. Segundo o coordenador do 10º Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SIPOA), Márcio Todero, foram adotadas medidas de controle rigorosas, incluindo a suspensão das atividades da empresa e aplicação de autos de infração.
Durante a operação, uma funcionária foi presa em flagrante por tentar ocultar evidências, orientando outros colaboradores a esconderem dispositivos móveis e apagarem mensagens. Entre as irregularidades encontradas, foram detectados indícios do uso de soda cáustica, substância proibida para consumo humano, que teria sido utilizada para alterar o pH do leite, mascarando sua acidez em análises laboratoriais.
Ações integradas e suporte técnico
A operação destacou a atuação coordenada entre o Mapa e o MP/RS, com o suporte técnico do Laboratório Federal de Defesa Agropecuária do RS (LFDA/RS). Foram realizadas vistorias nas instalações do laticínio, coletas de amostras para análises laboratoriais e inspeções em depósitos suspeitos de armazenar matérias-primas impróprias para o consumo.
Origem da investigação e histórico da empresa
A investigação teve início após uma denúncia formal ao MP/RS, relatando práticas irregulares na produção de leite UHT e compostos lácteos. As suspeitas incluíam a utilização de soda cáustica para mascarar alterações na acidez e o emprego de matérias-primas vencidas e em más condições higiênico-sanitárias. A empresa, registrada no Serviço de Inspeção Federal (SIF), já havia sido alvo de ações fiscais nos últimos dois anos, com cinco interdições, cinco suspensões de atividades e seis autuações por irregularidades.
Conforme o Mapa, não há evidências de que outras empresas estejam envolvidas em práticas semelhantes, nem de que o leite do Rio Grande do Sul apresente problemas generalizados.