Alta do milho transforma perspectivas
O milho pode deixar de ser considerado o "patinho feio" do mercado
Nos últimos quatro meses, os preços do milho no Brasil subiram consideravelmente, conforme aponta Jeferson Souza, Market Intelligence Analyst. Em 1º de julho, o cereal disponível no médio norte do Mato Grosso era cotado a R$ 39,00/saca. Hoje, pouco mais de quatro meses depois, esse valor já atinge R$ 60,00/saca. Para a safra de 2025, embora os preços estejam menores, variando entre R$ 48,00 e R$ 50,00/saca, ainda representam um avanço relevante.
Essa valorização tem alterado o planejamento dos produtores, especialmente para a segunda safra de 2025. Souza exemplifica com o caso de um agricultor que havia decidido migrar do milho para o gergelim. Após reavaliar os números com os preços atuais, percebeu que manter o cultivo do cereal seria mais lucrativo. Essa mudança de perspectiva reflete um otimismo renovado em relação ao milho, que no ano passado era visto com mais desconfiança.
Além dos preços, a relação de troca com insumos também favorece o milho. Atualmente, são necessárias cerca de 45-46 sacas para adquirir uma tonelada de cloreto de potássio (KCl), enquanto no mesmo período de 2023, eram 58 sacas, e a média dos últimos quatro anos foi de 64 sacas. Essa condição não beneficia apenas o milho, mas também a soja da safra 2025/26, como destacado em relatórios recentes, criando oportunidades adicionais para os produtores.
Com esse cenário, Souza acredita que o milho pode deixar de ser considerado o "patinho feio" do mercado e se tornar um investimento atrativo. No entanto, ele alerta que o sucesso dessa recuperação depende de fatores climáticos e de uma gestão de riscos eficiente. O otimismo, porém, já se estende à "safrinha" de 2026, reforçando a visão de um futuro promissor para o cereal no Brasil.