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Preço dos ovos dispara 40% e nova regra para marcação pode impactar pequenos produtores

Juarez Morbini alerta que nova regra pode afetar pequenos produtores



Foto: Pixabay

O preço dos ovos subiu mais de 40% em fevereiro, refletindo a queda na produção e o aumento dos custos dos insumos, como farelo de soja e milho. A alta nos preços preocupa consumidores e produtores, enquanto uma nova regulamentação do Ministério da Agricultura pode impactar pequenos avicultores.

Segundo Juarez Morbini, engenheiro agrônomo, a oscilação de preços segue a lei da oferta e demanda. "Quando há menor produção, o preço sobe. O mercado pode se estabilizar em breve, mas, enquanto isso, o impacto no bolso do consumidor é significativo", afirmou.

Morbini também destacou que a variação de preços é algo cíclico e que os consumidores precisam estar atentos a essas oscilações. "O ovo ainda é uma das proteínas mais acessíveis do mercado. Se compararmos com outras fontes, como carne bovina e frango, ele se mantém como uma opção viável. O problema é que, quando há um aumento repentino como esse, muitos consumidores reduzem o consumo, o que pode afetar a cadeia produtiva", explicou.

Novas regras para rotulagem de ovos dividem opiniões

Além do aumento de custos, uma portaria do Ministério da Agricultura exige que os produtores carimbem a casca dos ovos vendidos a granel com a data de validade e o número de registro do estabelecimento produtor. Morbini, no entanto, minimiza o impacto da medida. "Isso atinge uma parcela muito pequena do mercado. Os ovos já embalados e vendidos em supermercados seguem as regras atuais e não terão mudanças", destacou.

A principal preocupação está nos pequenos produtores, que podem ter dificuldades para se adequar à nova norma. "O problema maior pode ser para quem não tem condições de investir em equipamentos para marcação a laser. Mas a comercialização em caixas de 30 ovos continua e não será afetada", explicou Morbini. Ele ressaltou que "muitas pequenas granjas já têm seus mercados estabelecidos e contam com distribuidores fiéis, então essa mudança não deve ser um grande impacto para todos".

Para Morbini, o foco deveria ser a rastreabilidade dos produtos, mas sem onerar excessivamente os pequenos produtores. "A preocupação com a origem dos ovos é válida, especialmente em vendas a granel. Muitas vezes, os consumidores compram sem saber a procedência. Mas isso não significa que haja um risco sanitário significativo. Eu não lembro de grandes surtos causados por ovos mal armazenados ou vendidos dessa forma", ponderou.

O Ministério da Agricultura prorrogou o prazo para adaptação dos produtores até 4 de setembro deste ano. A medida, publicada na quarta-feira (19), altera a portaria anterior de setembro de 2024, que determinava a adequação até março de 2025. O objetivo é permitir que pequenas granjas tenham tempo para se adequar, evitando impactos na oferta do produto.

Enquanto isso, o consumidor deve continuar sentindo no bolso o reflexo do aumento de preços. "O ovo ainda é uma proteína acessível e essencial na alimentação. Apesar da alta, continua sendo uma opção de bom custo-benefício. O mercado se regula sozinho e, com o tempo, os preços devem se ajustar", concluiu Morbini.

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