Região Sul deve receber chuva preta
Chegada de fumaça das queimadas deve afetar qualidade da chuva
O ano de 2024 tem se mostrado um dos mais desafiadores em termos de questões climáticas no Brasil, com registros de chuvas excessivas, ondas de calor e uma estiagem prolongada. Recentemente, as queimadas, especialmente na região Centro-Norte do país, têm se tornado um agravante sério. Segundo Gabriel Rodrigues, meteorologista do Portal Agrolink, as condições climáticas atuais são propícias para o alastramento dessas queimadas, devido às temperaturas elevadas e ao período prolongado sem chuvas.
Rodrigues explica que, para que o fogo ocorra, é necessário haver três componentes: combustível, comburente e calor. Embora as temperaturas estejam atingindo cerca de 40°C em estados como Tocantins, Maranhão e Piauí, essas condições, por si só, não são suficientes para iniciar uma queimada. No entanto, o cenário no Centro-Norte do Brasil, assim como em países vizinhos como Bolívia e Paraguai, onde também há um grande número de incêndios ativos, tem contribuído para o aumento da emissão de fumaça e poluentes na atmosfera.
"As correntes de ventos conseguem transportar essa fumaça por grandes distâncias", comenta Rodrigues. A fumaça proveniente da Amazônia, Bolívia e Paraguai está sendo carregada pelos Jatos de Baixos Níveis até a região Sul do Brasil, onde a situação pode se agravar nos próximos dias.
A partir desta sexta-feira (30/08), espera-se que os Jatos de Baixos Níveis se intensifiquem, juntamente com a formação de um sistema de baixa pressão que dará origem a um ciclone extratropical e, consequentemente, a uma nova frente fria. "Essa condição pode aumentar a presença de fumaça na região Sul, com previsão de chuva entre sábado (31/08) e domingo (01/09)", alerta o meteorologista. No entanto, os volumes de chuva previstos são baixos, o que pode agravar ainda mais a situação, provocando a temida "chuva preta", que contém uma alta concentração de partículas de fumaça.
Rodrigues enfatiza que, diante desse cenário, as condições atmosféricas precisam ser monitoradas de perto, pois a combinação de baixa umidade, altas temperaturas e ventos pode intensificar as queimadas e seus efeitos negativos sobre a qualidade do ar no Sul do país.