"Leilãogate" derruba governabilidade de Lula
Indíce de governabilidade atinge "cota de alerta"
O índice de governabilidade (I-Gov) do Governo Federal em maio ficou em 40,4%, marcando o pior resultado de Lula em seu terceiro mandato e que, de acordo com a 4intelligence, que realiza o levantamento, coloca o governo em uma zona de risco e mostra alguns problemas. Um dos principais motores para esse desempenho baixo é a polêmica do “leilãogate”.
Recentemente, o governo federal cancelou o leilão para comprar 263 mil toneladas de arroz importado devido a denúncias de irregularidades nas empresas envolvidas. O secretário de Política Agrícola do Mapa, Neri Geller, pediu demissão devido a suspeitas de conflito de interesse. Segundo o site Estadão, o diretor de Abastecimento da Conab, Thiago dos Santos, responsável pelo leilão cancelado, foi indicado diretamente por Geller. A principal corretora do leilão, FOCO Corretora de Grãos, pertence a Robson Almeida de França, ex-assessor parlamentar de Geller e sócio de Marcello Geller, filho do secretário, em outras empresas.
De acordo com Antonio Prado G. B. Neto, conselheiro de estratégias da AgroBee, o leilão foi, inclusive, desnecessário. “Situação para o Governo e para o Brasil, já que temos uma infinidade de assuntos importantes a serem tratados. Porém a falta de articulação e de apoio tem deixado o Governo a pé”, comenta ele.
O especialista ainda cita outros problemas que o governo está tendo que lidar, como a atuação na epidemia de dengue, com recorde de casos, a falta de agilidade no Rio Grande do Sul e as derrotas no Congresso em relação a vários vetos. Além disso, ele lembra também da chama MP 1227/24 MP do Fim do Mundo, do equilibrio fiscal e das contas publicas e da desoneração da Folha de pagamento. “Isso tem deixado todos muito preocupados e colocando pressão para que tenhamos ações que possam fazer o Brasil andar”, diz ele.
O relatório da série histórica de 20 anos do indicador da 4i aponta que uma aprovação abaixo de 40% torna a situação de um presidente insustentável, exigindo rápida recuperação. O Governo Dilma exemplificou isso, com cinco meses abaixo dos 40 pontos em 2015, seguido pela aceitação do pedido de impeachment em dezembro e seu afastamento em maio de 2016.
“Na dimensão de Opinião Pública, quatro rodadas de diferentes institutos marcaram maio. O governo fechou esta dimensão em 47,1%, o terceiro mês seguido no patamar de 47 pontos e o quarto abaixo de 50%, o que não havia ocorrido com Lula ao longo de todo o seu primeiro ano de terceiro mandato. O resultado incomoda o Planalto, que busca reorganizar o trabalho de comunicação oficial em torno do desafio de aprimorar sua imagem junto a uma sociedade cindida politicamente”, conclui a 4i.