Fertirrigação no algodão melhora absorção de nutrientes, aponta Ubirajara Fontoura
Prática vem sendo adotada principalmente em regiões com déficit hídrico

A fertirrigação, técnica que permite a aplicação de fertilizantes químicos diluídos na água de irrigação, tem ganhado espaço na cotonicultura brasileira. A prática vem sendo adotada principalmente em regiões com déficit hídrico, como o Cerrado e o Nordeste, contribuindo para o aumento da eficiência da adubação e redução dos impactos ambientais.
“O uso da fertirrigação no algodoeiro é viável e pode ser uma ferramenta importante na nutrição da cultura, especialmente em áreas irrigadas”, afirma o engenheiro agrônomo e doutor, Ubirajara Fontoura. Segundo o especialista, a tecnologia permite que os nutrientes sejam aplicados de forma fracionada, respeitando as fases de desenvolvimento da planta, o que resulta em melhor aproveitamento pelos cultivos. Vale lembrar que a técnica é feita a partir de pivô central.
Fontoura destaca que “as plantas não absorvem todos os nutrientes de uma vez só. À medida que a planta vai desenvolvendo sua parte vegetativa, ela vai demandando mais nutrientes”. Por isso, o fracionamento da adubação é essencial para evitar desperdícios e garantir máxima absorção.
De acordo com o conteúdo técnico analisado pelo agrônomo, a fertirrigação também contribui para diminuir os custos de produção, já que reduz a necessidade de mão de obra e de maquinário para a distribuição dos fertilizantes. Além disso, há uma menor chance de perdas por lixiviação ou escoamento superficial, o que reduz os riscos de contaminação do solo e da água.
Embora a técnica seja promissora, Fontoura reforça que nem todos os fertilizantes são igualmente eficazes quando aplicados via fertirrigação. “Os micronutrientes são os mais indicados para essa forma de aplicação, especialmente o Boro, que é prontamente assimilável pelas folhas do algodoeiro”, explica. O agrônomo salienta que a aplicação foliar desses nutrientes deve ser realizada preferencialmente entre 40 e 45 dias após a emergência das plantas, período em que a atividade fotossintética é mais intensa.
O especialista também lembra que, apesar dos benefícios da fertirrigação, a adubação via solo ainda é a mais eficiente. “A melhor adubação é via solo, sem dúvida. Mas a fertirrigação pode complementar ou corrigir deficiências nutricionais ao longo do ciclo da planta”, ressalta.
Atualmente, a produção de algodão no Brasil está fortemente concentrada no Centro-Oeste – especialmente nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás – e também na Bahia e no Piauí. Segundo Fontoura, a cultura do algodoeiro se tornou essencialmente empresarial, com grandes áreas totalmente mecanizadas. “Hoje, praticamente não existe mais algodão cultivado por pequenos produtores, como víamos anos atrás. A produção se profissionalizou”, conclui.