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Qual o potencial do trigo tropical no Brasil?

O trigo tropical brasileiro promete manter seu crescimento e qualidade


Foto: Seane Lennon

A pesquisa agrícola no Brasil, liderada pela Embrapa, está transformando o trigo tropical em uma nova fronteira agrícola, não apenas enriquecendo o conhecimento nacional, mas também influenciando outras regiões tritícolas do mundo, conforme afirmou a Embrapa. Este avanço tem atraído a atenção de diversos setores da economia e da comunidade científica, destacando a importância da comunicação para o êxito dessa empreitada.

Nos últimos seis anos, o desenvolvimento de tecnologias e a transferência de conhecimento proporcionaram um crescimento de 110% na área plantada e de 131,5% na produção de trigo tropical, segundo dados da CONAB (2018-2023). Atualmente, o trigo tropical ocupa mais de 400 mil hectares em estados como Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia e São Paulo. Apesar disso, essa área representa apenas 12,5% do potencial total estimado de 4 milhões de hectares, com 1,5 milhão adequado para cultivo irrigado e 2,5 milhões para cultivo de sequeiro, de acordo com a Embrapa Territorial.

O avanço da triticultura tropical no Brasil é resultado de um esforço conjunto entre instituições de pesquisa, setor produtivo, indústria e poder público. Em 2022, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento aprovou o Termo de Execução Descentralizada (TED) do Trigo Tropical, destinado a apoiar ações da Embrapa e seus parceiros. Esses recursos visam à transferência de tecnologias, organização do setor sementeiro, combate à brusone, estudos de prospecção, zoneamento agrícola, apoio à governança da cadeia produtiva e divulgação.

O Dr. Vanoli Fronza, pesquisador em melhoramento de trigo, destaca as características e desafios do cultivo do trigo tropical. Ele enfatiza que as variedades para cultivo de sequeiro devem possuir boa resistência à brusone, tolerância à seca e ao calor. "O trigo tropical sequeiro é plantado mais cedo do que em outras regiões do país, logo após a safra da soja, em março, quando as temperaturas ainda estão mais elevadas", explica Fronza.

Ele diferencia ainda os sistemas de cultivo sequeiro e irrigado, destacando que o manejo do trigo tropical ocorre em uma época mais quente do que na região sul do Brasil. Fronza ressalta a importância da adubação, do uso de sementes certificadas e do controle rigoroso de plantas daninhas e doenças, como a brusone.

Em relação à qualidade do grão, Fronza afirma que o trigo tropical apresenta vantagens, sendo equiparado aos melhores trigos do mundo. No entanto, ele alerta para os desafios impostos por eventos climáticos, como temperaturas elevadas e falta de chuva, que têm afetado algumas lavouras.

No Cerrado de Minas Gerais, a safra de trigo inicia em junho e se estende até setembro, conforme explica Max Mahlow, gerente comercial do Moinho Sete Irmãos. Ele destaca o potencial de crescimento da cultura do trigo tropical, embora enfrente desafios como a brusone.

A Coopadap, por sua vez, tem investido em tratamentos e soluções inovadoras para garantir a qualidade do trigo diante de desafios como a incidência de caruncho. Marcelo Guerra, coordenador de operações da cooperativa, ressalta o compromisso em assegurar a qualidade do produto e a satisfação dos cooperados.

Com o apoio contínuo da pesquisa e inovação, o trigo tropical brasileiro promete manter seu crescimento e qualidade, consolidando a posição do Brasil como um importante produtor de trigo no cenário global.

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