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Expointer destaca projetos sustentáveis de escolas da Rede Estadual

Cada equipe permanece durante três dias com um estande de exibição dos trabalhos


Foto: Divulgação

Além de mostrar os destaques da produção agropecuária no Rio Grande do Sul, a Expointer também é um espaço para compartilhar experiências e saberes, principalmente aqueles produzidos nas salas de aula. Por isso, a Secretaria da Educação (Seduc) marca presença no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, com a mostra de trabalhos desenvolvidos pelos estudantes da Rede Estadual. 

Vindos de todas as regiões do Estado, os alunos de 26 instituições de ensino, incluindo escolas técnicas agrícolas e do campo, apresentam iniciativas que demonstram criatividade e o comprometimento com o meio ambiente. A partir da orientação dos professores, que acompanham os jovens durante a exposição, os trabalhos têm em comum o viés da sustentabilidade, com ideias que podem ser aplicadas tanto em regiões rurais quanto em áreas urbanas. 

Mostra de Trabalhos escolares na Casa da Embrapa

Os projetos foram selecionados pelo Departamento de Modalidades e Atendimento Especializado da Seduc e estão abertos para visitação na Casa da Embrapa, até o dia 2 de setembro. Organizados em três grupos, as escolas fazem um revezamento ao longo da programação da Expointer. 

Cada equipe permanece durante três dias, com um estande próprio onde os estudantes exibem arte, maquetes e criações das atividades realizadas.  Os custos de deslocamento, hospedagem e alimentação foram pagos pela Seduc para viabilizar a participação. 

Escola Severino José Frainer integra educação e preservação ambiental

A Escola Estadual de Ensino Fundamental Severino José Frainer - localizada no município de Marques de Souza, com cerca de 4 mil habitantes - possui 33 estudantes matriculados em turmas multisseriadas. Mesmo que o número possa parecer pequeno, o trabalho dos jovens demonstra um esforço de integração com a natureza, unindo as atividades escolares com a preservação ambiental. 

A professora Graciela Fleck reforça que a escola promove uma série de práticas que estendem o currículo para além dos muros escolares. “Nossa missão é que eles possam permanecer no meio rural, cultivando sem agredir o meio ambiente e mostrando que é possível ter uma qualidade de vida grande no campo. Não deixamos de dar aulas, mas mostramos que existem outras atividades. Tem dias que nós dizemos: vocês venham com roupas velhas amanhã, pois vamos trabalhar”, brinca a professora.

No estande da escola, os alunos Mathias Alan Duarte e Gustavo Bernstein, de 12 e 13 anos, respectivamente, mostraram na prática os resultados desses projetos. Em especial, as turmas desenvolvem práticas de meliponicultura sustentável. Aproveitando que a região em torno da escola tem matas com espécies de abelhas sem ferrão, os estudantes atraem os insetos com iscas feitas de material reciclado. Eles explicaram que é preciso colocar os recipientes logo cedo pela manhã, tomando cuidado para fazer o processo da forma menos invasiva possível. “E eles são cobertos por um plástico preto, pois as abelhas gostam do escuro”, acrescenta Gustavo.  

Meliponicultura sustentável em foco

Outro projeto que também focou na meliponicultura foi o "Caminhos do mel: cultivo sustentável de abelhas sem ferrão", da Escola Estadual de Ensino Médio Buriti, de Santo Ângelo.  Sob a supervisão da professora Marli Melchior e com a participação do estudante Gabriel Holtz, além de atrair os insetos, as atividades da escola tiveram o objetivo de desenvolver caixas ecológicas, separadas por níveis que ajudam no momento de retirar o mel sem perturbar as abelhas. 

Para mobilizar os estudantes, o estande exibia o resultado dos trabalhos de criação feitos pelas turmas, com bonecos de abelhas feitos de crochês e até mesmo uma peça em formato de hexágono que representava uma colmeia. Gabriel também comentou sobre o que significa participar da Expointer. “Nunca participei e estou adorando. A experiência é incrível, quero vir mais vezes. O lugar é enorme”, disse.

 Reaproveitamento e criação de bio-utensílio

Logo ao lado, a Escola Estadual de Ensino Fundamental de Pinhal, do município de Bom Retiro do Sul, trouxe uma mesa repleta de bio-utensílios, ou seja, de artesanato produzidos a partir da reutilização de materiais biodegradáveis, principalmente do porongo. Sob a orientação da professora Patrícia Gasperin, o estudante Vitor Araújo, de 13 anos, detalhou como surgiu a ideia do projeto.

“Durante o estudo sobre a erva-mate, começamos a nos perguntar de onde vinha o porongo usado para fazer as cuias. Descobrimos que o ideal é plantar em setembro, pois a planta é trepadeira e precisa de bastante sol. Decidimos semear na horta, na praça e numa tela atrás da escola. Tiramos a umidade e cortamos para produzir cuias, cumbucas para água e até ninho de passarinho. Transformamos cada parte em algo útil, como porta-lápis, vasos de flor, reco-recos e paus de chuva, aproveitando tudo para não desperdiçar nada", relata. 

Extração sustentável de fécula de batata-doce

As escolas técnicas agrícolas também expõem seus trabalhos na casa da Embrapa. Um exemplo é o Colégio Agrícola Estadual Daniel de Oliveira Paiva, de Cachoeirinha, com o projeto "Extração e Produção de Fécula de Batata Doce”. Desenvolvido sob a orientação da professora Nathália de Assis, os estudantes João Vitor Kerchener e Marcos Alves criaram um método que preserva os nutrientes e proteínas do vegetal. “A gente extrai o amido da batata-doce crua, preservando as vitaminas que se perdem quando ela é cozida. Com isso, podemos também tornar rica a alimentação da escola de uma forma que as pessoas nem percebam”, afirma João Vitor.  

Piso sintético de farelo de pneu para conforto animal

Representando a 23ª CRE, a Escola Estadual de Ensino Médio São Paulo de Tarso, de Pinhal da Serra, exibiu a maquete de um galpão com uma diferença: o piso sintético foi feito com farelo de pneu. As estudantes Elizabeth Vieira e Nathalia Mondadori tiveram auxílio de engenheiros ambientais e de veterinários para propor uma solução que oferecesse conforto térmico e sanitário para os animais. “O pneu leva cerca de 600 anos para se decompor. É um material poroso, o que facilita a limpeza e ajuda a reter a umidade, além de ser resistente, ” explica Elizabeth. 

Formação integral e práticas sustentáveis 

No espaço montado pela Escola Estadual de Ensino Fundamental Francisco Balestrin, de Tenente Portela, plantas e vegetais ocupavam a mesa de exibição. Orientada pela professora Cleni Lapazini, as estudantes Taís Kerber e Tamara Brum exploraram práticas de agricultura familiar, como uma forma de integrar a escola e a comunidade. 

“Somos uma escola com 52 alunos, a maior parte filhos de pequenos agricultores rurais e de diaristas. Mesmo sem sermos de tempo integral, trabalhamos o dia inteiro, nos dois turnos, com atividades que fazem essa ponte, valorizando as tradições e a sustentabilidade”, destaca Cleni. 

Resgate de tradições no projeto "Cultivar Memórias da Terra"

Já a Escola Estadual de Ensino Médio Santana, de Antônio Prado, expôs o "Projeto Cultivar Memórias da Terra". Orientados pela professora Rejane Castagna, os estudantes Guilherme Castagna e Milena Zanco apresentaram as atividades realizadas na escola, com vivências do campo, visitas a propriedades rurais e a produção de biscoitos, receitas tradicionais e sabonetes artesanais, que depois foram doadas a asilos locais. 

“É uma iniciativa que ocorre todos os anos na nossa escola, e são trabalhados temas que a comunidade escolar escolhe devido às necessidades que surgem durante o ano. Temos o objetivo de resgatar as vivências e os valores que nossos antepassados deixaram para trás”, esclarece Milena, que também falou sobre a expectativa de estar na feira. “É a primeira vez que estou na Expointer, está sendo muito bom”.

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