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Como garantir qualidade no trigo do plantio à comercialização?

Cooperativa adota medidas para preservar a qualidade do trigo


Foto: Seane Lennon

A produção de trigo é uma operação meticulosamente gerenciada e necessita uma equipe técnica especializada em todas as etapas do processo. Desde o manejo durante a produção de sementes até as medidas de armazenamento para garantir a qualidade do produto final. 

No caso da cooperativa Coopadap, um departamento específico e a colaboração de um agrônomo, além do gestor comercial com conhecimento agronômico são responsáveis pelo processo de manejo. "Os agrônomos rotineiramente rodam nessas áreas para poder fazer todos os controles relativos às questões de doenças e pragas nas culturas, e um colaborador do setor também que roda os campos e faz as vistorias da colheita, a questão de laudos de pré-colheita, todos os controles do campo de semente", conta o coordenador de operações da Coopadap, Marcelo Guerra.

No processo de beneficiamento, a cooperativa tem alcançado um bom percentual de qualidade do trigo do Cerrado, com uma média de perda em torno de 20%. De acordo com o Guerra, em algumas variedades, como o BRS 2004, o aproveitamento chega a impressionantes 90%. As etapas de beneficiamento incluem a rejeição de impurezas, principalmente na mesa densimétrica, resultando na transformação das sementes em grãos de alta qualidade.

O calendário de chegada e comercialização do trigo na cooperativa é marcado pelo início dos recebimentos em julho, com a comercialização iniciando em fevereiro do ano seguinte e se estendendo até maio. Isso significa que a cooperativa precisa armazenar o trigo por mais de sete meses, apresentando desafios adicionais de preservação da qualidade.

Um desafio recente enfrentado pela cooperativa é a incidência de caruncho, uma praga que se desenvolve em temperaturas elevadas. Apesar da região de São Gotardo apresentar um clima favorável, o aumento das temperaturas tem gerado preocupações. "A gente viu no ano passado um aumento expressivo na temperatura. Então durante todo o ano a gente teve temperaturas muito acima da média. E nesse ano também, a gente está com essas temperaturas muito acima da média, que propicia muito a presença de caruncho. Ele se desenvolve muito bem nessas condições. Na unidade de grãos é feito um resfriamento, o silo, para poder conter o aparecimento do caruncho. Aqui na unidade de sementes, a gente vai implementar agora um novo tratamento na pré-limpeza, para ele poder passar, então, com duas etapas de tratamento e mais os expurgos regulares para poder fazer uma barreira muito grande para poder conter essa questão do avanço do caruncho, explica o coordenador de operações.

Diante desse cenário, os produtores estão buscando soluções para garantir a qualidade do trigo, incluindo investimentos em tratamentos e até mesmo a possibilidade de climatização para enfrentar temperaturas extremas. Com a implementação de medidas rigorosas em todas as etapas do processo, a cooperativa está empenhada em assegurar a qualidade do trigo e a satisfação dos seus cooperados.

Leia abaixo a entrevista na íntegra:

Portal Agrolink: Quais cuidados na colheita mais influenciam na qualidade da semente?

Marcelo Guerra - Coordenador de operações da Coopadap : A cooperativa conta com toda uma equipe técnica para poder fazer esse manejo durante a produção de sementes. A gente tem departamento técnico e a unidade também dispõe de uma pessoa que está com um agrônomo também, que além do gestor comercial, que é a parte agronômica, ela conta com um profissional que vai fazer toda essa condução do campo de sementes. A gente tem os agrônomos que rotineiramente rodam nessas áreas para poder fazer todos os controles relativos às questões de doenças e pragas nas culturas, e um colaborador do setor também que roda os campos e faz as vistorias da colheita, a questão de laudos de pré-colheita, todos os controles do campo de semente. 

Portal Agrolink: Em relação aos associados e  fornecedores de sementes que recebem algum tipo de treinamento periódico por parte da cooperativa visando a melhoria de processos e qualidade do produto final? 

Marcelo Guerra - Coordenador de operações da Coopadap : A cooperativa dá todo um apoio à questão do cooperado e também incentiva e promove dias de campo visando repassar essas informações que são tão primordiais para a colheita de uma semente de qualidade, e de grão também, com melhor qualidade. Ela promove dias de campo, ela promove cursos, traz reuniões com os cooperados, principalmente para poder repassar todas essas informações que são cruciais para você ter uma semente em grão de qualidade. 

Portal Agrolink: E qual seria o percentual de perdas após a realização de todas as etapas do beneficiamento? E qual é a etapa mais decidida? 

Marcelo Guerra - Coordenador de operações da Coopadap : No nosso beneficiamento, o trigo do Cerrado tem um percentual muito bom de qualidade e a gente tem em torno de 20% de perda. Geralmente fica abaixo disso, a gente tem geralmente um rendimento médio de uns 83%. Em algumas variedades, como é o caso de uma vez eu já vi do BRS 2004, que chegou a 90% de aproveitamento, ou seja, em vez de 20%, perdeu só metade disso, perdeu só 10%. Em todas as etapas do beneficiamento, a gente tem a rejeição que a gente chama, a transformação do que vem como semente, sendo transformado em grão. A etapa que mais faz essa retirada é no caso da mesa densimétrica, embora as quatro etapas pelo qual o trigo passa são frações coletadas para a rejeição, ou seja, transformando ele em grãos. 

Portal Agrolink: E qual seria o tempo médio de armazenamento de um lote de sementes? 

Marcelo Guerra - Coordenador de operações da Coopadap : Aqui na cooperativa, o trigo começa a chegar em julho, basicamente. Acontece algumas vezes de conseguir chegar em junho, mas assim nos últimos dias de junho. E a comercialização começa em fevereiro. Então a gente tem aí mais de sete, oito meses de trigo armazenado. Ela começa em fevereiro e depois se estende até abril e vai finalizando em maio, quando a gente retorna com o que está aqui para a unidade de grãos.

Portal Agrolink: Quais são as principais pragas ocorrentes nas sementes armazenadas da cooperativa? Como é realizado o processo de controle disso? 

Marcelo Guerra - Coordenador de operações da Coopadap : No processo da cooperativa, a gente tem observado a incidência de caruncho. Aqui a região de São Gotardo está em uma altitude muito boa e representa um clima bastante favorável, não necessitando de grandes investimentos com questão de resfriamento. Então a gente vinha até o ano passado sem grandes mudanças no nosso processo. A gente fazia basicamente um tratamento na pós-limpeza e depois poderia armazenar tranquilamente. As temperaturas contribuem muito para isso. A gente viu no ano passado um aumento expressivo na temperatura. Então durante todo o ano a gente teve temperaturas muito acima da média. E nesse ano também, a gente está com essas temperaturas muito acima da média, que propicia muito a presença de caruncho. Ele se desenvolve muito bem nessas condições. Na unidade de grãos é feito um resfriamento, o silo, para poder conter o aparecimento do caruncho. Aqui na unidade de sementes, a gente vai implementar agora um novo tratamento na pré-limpeza, para ele poder passar, então, com duas etapas de tratamento e mais os expurgos regulares para poder fazer uma barreira muito grande para poder conter essa questão do avanço do caruncho. 

Portal Agrolink:  Em relação aos eventos climáticos, como os eventos extremos têm impactado a produção de sementes e quais estratégias vêm sendo utilizadas visando como tornar os impactos causados? 

Marcelo Guerra - Coordenador de operações da Coopadap : Eu tenho visto esse aumento da temperatura, que é bastante crítico nessa safra que vai iniciar agora a colheita. Eu já tive produtor vindo à unidade de sementes comunicando que já vai entregar para a semente. Ou seja, nos meus oito anos de coperativo eu nunca havia visto entregar sementes no início de junho, sempre nos últimos dias. Uma das questões é essa frequência na questão da colheita e com isso maior tempo de armazenamento. Aí novamente, é investir em questões de tratamento de trigo e talvez no futuro se continuar com temperaturas muito elevadas, até pensando numa questão de climatizar o trigo para poder garantir a qualidade. Basicamente vai ser dois tratamentos, uma pré-limpeza e uma pós-limpeza, e depois fazer uns expurgos na armazenagem.

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