O perigo de substituir a dieta brasileira
Essa mudança nos hábitos alimentares impõe riscos sério

Segundo Sérgio Cardoso, Diretor de Operações na Itaobi Representações e especialista em Comércio, a alimentação tradicional brasileira, baseada em arroz e feijão, enfrenta uma ameaça crescente. Dados do IBGE mostram que, em 40 anos, o consumo de arroz no país caiu de 40 kg para 29 kg por pessoa. Esse fenômeno, segundo Cardoso, é impulsionado tanto pela ascensão dos alimentos ultraprocessados quanto pela popularização recente dos suplementos alimentares, uma tendência preocupante para a segurança alimentar e nutricional do Brasil.
De acordo com informações do Estudo Nutrinet Brasil e do Guia Alimentar para a População Brasileira, os ultraprocessados já representam mais de 20% da energia consumida diariamente no país. Além disso, cresce a substituição de refeições completas por shakes e suplementos proteicos, sobretudo entre os jovens adultos. Embora ofereçam praticidade, esses produtos industrializados não conseguem replicar a variedade de nutrientes fornecida pelo prato tradicional de arroz e feijão, essencial para a manutenção do equilíbrio entre macro e micronutrientes.
Essa mudança nos hábitos alimentares impõe riscos sérios: não apenas compromete a qualidade da dieta, mas também ameaça a preservação cultural de um dos pilares da identidade gastronômica nacional. A médio e longo prazo, o excesso de ultraprocessados e o uso indiscriminado de suplementos podem contribuir para o aumento de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e obesidade, além de ampliar desigualdades sociais ligadas ao acesso a alimentos de qualidade.
Diante desse cenário, surge uma reflexão necessária: como resgatar e valorizar o arroz e feijão no cotidiano contemporâneo? Para Cardoso, políticas públicas de incentivo à produção, campanhas de educação alimentar e o fortalecimento da cultura gastronômica brasileira são caminhos essenciais para reconectar as novas gerações à base alimentar que sustentou o país por séculos.