Gerações de agricultores são exemplos em PE
A atividade é extremamente importante para a segurança e a diversificação alimentar
Neto e filho de agricultores familiares, José Fernando de Melo, de 40 anos, tem no sangue o tino e o amor pela produção rural. Foi no sítio Japaranduba, no município Chã Grande (PE), que seus avós iniciaram o cultivo de batata doce a macaxeira, culturas que passaram para seus pais, José Manoel de Melo e Severina Maria de Melo, e que ainda fazem parte da produção familiar. Para José Fernando, a felicidade é permanecer no meio rural. “Eu sou feliz aqui e não quero sair”.
O sítio da família, de oito hectares, possui 950 goiabeiras, atualmente a principal produção. Lá eles plantam também salsa, rúcula, coentro, banana, cenoura, maracujá, berinjela e alface, além da batata doce e a macaxeira - as heranças. A família sempre vendeu a produção em feiras e no Ceasa, mas, com a Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) oferecida pelo Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), os agricultores tiveram mais um destino para seus produtos: o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Executado pela Secretaria de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), o PAA é uma ação de colaboração com o enfrentamento da fome e da pobreza no Brasil e, ao mesmo tempo, de fortalecimento da agricultura familiar. Para isso, o Programa utiliza mecanismos de comercialização que favorecem a aquisição direta de produtos de agricultores familiares ou de suas organizações, estimulando os processos de agregação de valor à produção. Saiba mais sobre o PAA neste link.
Paixão familiar
Dos 17 aos 20 anos, José Fernando teve a oportunidade de trabalhar como caseiro em uma chácara próxima à cidade em que nasceu, mas não gostou da experiência e voltou para o campo. Para ele, não tem sensação melhor que trabalhar com a produção familiar. “Gosto demais de produzir, acho que vou viver para sempre com isso. Não tenho prazer em trabalhar longe da produção”, conta.
A quarta geração da família é composta por Felipe José, de 14 anos, e Fábio Fernando, de 16, filhos de José Fernando e Joana Amarina de Barros, de 40 anos. Ambos seguem o exemplo da família e demonstram vontade de permanecer e crescer no campo. Todos trabalham juntos e se dividem entre plantar, colher, cuidar e vender a produção. A renda mensal é dividida por igual entre os familiares.
O extensionista do IPA Pedro Henrique Ferreira acompanha a família desde 2014, quando iniciou o atendimento aos agricultores de Chã Grande. Ele trabalha no Instituto há 10 anos e acredita na assistência como um meio eficaz para levar estrutura ao agricultor familiar. “A Ater traz inovações e orientações para conduzir o plantio e melhorar a produtividade da lavoura. Além disso, o extensionista também informa sobre as políticas públicas oferecidas pelo Governo aos agricultores”, destaca.
Foi assim que a família de agricultores acessou o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), há 5 anos, e, com um financiamento de R$ 2,4 mil, comprou uma vaca leiteira. Atualmente, a família pretende adquirir um novo crédito no Programa para investir em uma estufa, o que vai possibilitar a produção de orgânicos e proteger o cultivo da exposição às mudanças climáticas.
Além disso, a família de José Fernando está participando do PAA pela segunda vez. A proposta de entrega atual é de quase uma tonelada de produtos, equivalente a mais de R$2 mil e o prazo é até maio de 2018. Para participar de programas como o PAA, o agricultor familiar deve ter a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP). De acordo com a Subsecretaria de Agricultura Familiar (SAF) da Sead, Pernambuco possui, aproximadamente, 300 mil agricultores familiares com DAP ativa. Saiba mais aqui.
Representando a Sead no estado, Rodrigo Chaves de Almeida, da Delegacia Federal do Desenvolvimento Agrário de Pernambuco (DFDA-PE), diz que as políticas públicas para a agricultura familiar é um componente de controle social para evitar que o êxodo rural aumente. “A atividade é extremamente importante para a segurança e a diversificação alimentar. O ideal é que não exista êxodo rural. Por isso, a Sead desenvolve políticas para que o jovem se emancipe no campo e que ele consiga tirar próprio sustento da propriedade”, finaliza o delegado.
Saiba mais sobre as políticas voltadas para os jovens aqui.