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A importância dos micronutrientes na agricultura e na saúde humana

Nutrientes são essenciais para o desenvolvimento saudável das plantas


Foto: Canva

Por Aline Merladete e engenheiro agrônomo Anderson Wolf

Os nutrientes são essenciais para o desenvolvimento saudável das plantas, no entanto, grande parte deles não recebe a devida atenção na produção agrícola. Esta é a observação do engenheiro agrônomo Anderson Wolf, que destaca a predominância de apenas alguns nutrientes nos fertilizantes mais comuns, como o Nitrogênio, Fósforo e Potássio.

Os fertilizantes amplamente utilizados, como NPK, Ureia, Cloreto de potássio e superfosfato, possuem principalmente os nutrientes em que as plantas precisam em maiores quantidades. Mas você já se perguntou se as plantas não precisam de outros nutrientes? Será que todos eles estão presentes no nosso solo? As plantas necessitam de 14 nutrientes essenciais, que incluem tanto macronutrientes quanto micronutrientes. Esses nutrientes são indispensáveis para que as plantas completem seu ciclo de vida. São eles:

•    Macronutrientes: Nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre.
•    Micronutrientes: Cloro, ferro, boro, manganês, zinco, cobre, níquel e molibdênio.

Além desses, alguns nutrientes são considerados benéficos, embora não sejam obrigatórios para o ciclo de vida das plantas, como o silício, selênio, sódio e cobalto. O selênio, por exemplo, diminui o estresse causado por fatores ambientais, enquanto o cobalto promove maior resistência à seca nas sementes.

A negligência em relação aos micronutrientes não só afeta o desenvolvimento das plantas, mas também pode ter consequências para a saúde humana. Pesquisadores sugerem que a ênfase em apenas alguns nutrientes no cultivo agrícola pode resultar em uma menor variedade de minerais na dieta, impactando a saúde. A fome oculta, que é a deficiência de micronutrientes, pode ocorrer em dietas ricas em energia, mas pobres em nutrientes, levando a deficiências de ferro, zinco, iodo e selênio.

Estudos indicam uma diminuição significativa de minerais nos alimentos ao longo dos anos. Entre 1940 e 2002, houve uma redução de 24% no Magnésio, 26% no Potássio e 46% no Cálcio. Em 10 tipos de carne, a média de diminuição de minerais foi de 28% (fonte). Um experimento realizado pelo Centro Universitário UNIDAVI em 2014, utilizando pó de ardósia, resultou em um aumento significativo de Cálcio (82%), Magnésio (48%), Potássio (30%) e Zinco (1073%) no cultivo de cebolas. Nas regiões onde o solo é pobre em nutrientes, a utilização de Fertilizantes com micronutrientes pode aumentar não apenas a produtividade, mas também o teor de micronutrientes nos alimentos, promovendo melhorias na saúde humana.

Alguns pesquisadores defendem de que a longevidade excepcional de diversos povos sadios é associada ao plantio em locais rochosos, onde os alimentos contêm maior quantidade e diversidade de minerais.

Estudos de biofortificação com selênio e zinco mostram resultados promissores. No Paquistão, a adubação com zinco aumentou o rendimento do trigo e reduziu as deficiências de zinco na população. Na Finlândia, a incorporação de selênio nos fertilizantes resultou em uma maior ingestão desse mineral, contribuindo para a prevenção de doenças.

Essas observações levantam questões importantes sobre a adequação dos cultivos brasileiros em termos de micronutrientes. Será que estamos garantindo uma nutrição completa tanto para as plantas quanto para os humanos? A reflexão e a ação sobre a diversidade de nutrientes no solo são essenciais para a saúde das plantas e, consequentemente, para a nossa.

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